Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
UM ANO MUITO ESTRANHO
2020 acaba como um dos anos mais estranhos das últimas décadas. 18 de Dezembro de 20202020 acaba como um dos anos mais estranhos das últimas décadas. Não é
possível dizer da história porque ao longo dela o ser humano enfrentou desafios
e situações no mínimo tão estranhos como os deste ano, mas 2020, com certeza,
foi um ano fora da curva, tanto faz a época.
Doenças, pestes, pragas, epidemias e pandemias acompanham o ser humano
desde antes de descerem das árvores, caminharem sobre dois pés e conquistarem o
planeta. Ficando no tempo histórico, as pragas do Egito estão na Bíblia. E a
história das antigas civilizações está recheada de pestes e pragas que
dizimavam as populações das cidades. Na Idade Média, as pragas e pestes se
espalharam da Ásia à Europa, matando parcelas enormes da população mundial.
Quando a peste chegava a uma cidade, as pessoas deixavam de lado seu
comportamento reprimido, fortemente marcado pela igreja cristã, e se soltavam em banquetes e bacanais porque a morte era
quase certa e o desespero levava a todos os excessos.
Para quem acha que as pestes são coisas do passado distante, em pleno
século 19, a Europa assistiu a mais de uma epidemia assolar cidades como
Londres e Paris, as mais desenvolvidas do mundo. Em pleno século 20, a malária
era endêmica em Roma. E a gripe espanhola, consequência direta da Primeira
Guerra Mundial, matou mais seres humanos do que os quatro anos da guerra que
devastou grande parte da Europa.
Durante o século 20, paralisia Infantil, sarampo, cachumba, catapora,
tuberculose, febre amarela, meningite, AIDS e gripes de diferentes cepas foram
constantes na vida dos brasileiros. Para não falar nas endemias como malária,
doença de chagas, sífilis e hanseníase. E, mais recentemente, dengue e chicungunha.
A diferença do coronavírus para elas é que a nova pandemia se espalhou
pelo planeta em velocidade alucinante, contaminando rapidamente milhões de
pessoas, o que levou a mais de um milhão e seiscentas
mil mortes ao redor do mundo, das quais perto de duzentas mil aconteceram
no Brasil.
A grande medida de combate ao vírus e à Covid19 foi o isolamento social.
Que segue firme e forte até agora, com vários países da Europa fechando boa
parte das atividades até o começo do ano que vem.
O resultado foi uma das mais severas crises econômicas vividas nos
últimos cem anos. Milhões de pessoas perderam seus empregos, centenas de
milhares de empresas fecharam as portas, trilhões de dólares foram injetados
para tentar minimizar os estragos, mas, mesmo assim, eles foram terríveis e
atingiram todas as nações, sem exceção.
O Brasil foi severamente afetado. E a situação
é ainda mais complexa porque o Governo Federal, além de cometer toda sorte de
equívocos no combate à pandemia, insiste no erro, tanto que até agora não temos
nenhuma negociação séria do Ministério da Saúde para conseguir as vacinas
necessárias para imunizar a população brasileira. O único movimento sério neste
sentido é o do Estado de São Paulo, através do Instituto Butantan e da parceria
para importação e produção da vacina chinesa.
De outro lado, um ano que prometia ser dramático chega ao fim menos mal
do que nas previsões. E, dentro dele, o setor de seguros mais uma vez se sai
melhor do que a maioria das demais atividades econômicas. Não foi um ano bom,
mas também não foi um ano de todo ruim. De forma geral, as seguradoras se
saíram bem dentro do contexto e algumas carteiras tiveram inclusive desempenho
positivo.
2021 tem tudo para continuar sendo um ano muito complicado. Alguns
analistas inclusive preveem dificuldades maiores ainda. Mas, como reza o Pai
Nosso: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”, vamos viver um dia depois do
outro. Não faz sentido chorar antes da hora, como é tolo gastar por conta do
que ainda não se ganhou.
Boas festas e um 2021 diferente, melhor e mais feliz do que 2020.