Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
AINDA OS SEGUROS PARA CELULARES
Não faz muito tempo, escrevi um artigo para o site, falando de seguros para telefones celulares. 08 de Março de 2024Não faz muito tempo, escrevi um artigo para o site, falando de seguros
para telefones celulares. A situação não mudou, então, escrever de novo sobre o
mesmo tema faz sentido, na medida que os roubos e furtos seguem firmes entre as
modalidades de crimes mais praticadas no Estado de São Paulo e a imensa maioria
dos proprietários de telefones celulares não tem seguro para proteção contra o
roubo do aparelho ou das consequências do roubo do aparelho.
Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Há mais tempo, o roubo
do celular era para revender o aparelho roubado para receptadores altamente
profissionalizados, que se encarregavam de rapidamente sumir com os telefones
recebidos, exportando-os para a Argentina e principalmente a África.
O prejuízo nesse tipo de ação era o valor do aparelho e, eventualmente,
recuperar algum dado contido nele. Com o advento do pix, a situação mudou
radicalmente. Hoje, o roubo dos celulares visa muito mais o acesso aos dados
contidos no aparelho do que o próprio aparelho. De posse desses dados, os
assaltantes acessam contas correntes, cartões de crédito, investimentos e mais
uma série de operações através das quais conseguem entrar na posse dos valores
depositados – e tidos como seguros – pelo proprietário do aparelho roubado.
Se antigamente o roubo se dava através de ações como subtrair o aparelho
da mão do incauto proprietário que falava com ele caminhando pela rua, ou
furtar o celular do bolso de trás da calça de alguém espremido numa estação de
trem ou metrô, agora a coisa mudou e ficou muito mais violenta.
As quadrilhas se especializaram e aprimoraram seu modus operandi,
cada uma com suas preferências para roubar o celular das pessoas. Temos os
crimes mais simples, quando um bando de bandidos cerca a vítima e toma o
celular, depois de derrubá-la e agredi-la. Temos as quadrilhas das cotoveladas
nos vidros dos automóveis, quando um criminoso, com uma forte pancada, quebra o
vidro do carona, rapidamente se enfia na cabine, pega o celular no painel ou no
console e em seguida sai correndo pela rua, protegido por um ou mais comparsas.
E temos as quadrilhas que atacam usando motocicletas, com as quais, depois de
roubar o celular, normalmente com uma arma apontada para a vítima, fogem
rapidamente, se valendo da mobilidade da moto no meio do trânsito.
Diante desse quadro, que resulta no roubo ou furto de algumas centenas de
milhares de celulares por ano apenas no Estado de São Paulo, não há muito que o
cidadão possa fazer, além de contratar um seguro para proteger seu celular e
outro para proteger suas contas e cartões de crédito. Ainda que os números
atuais sejam menores do que foram em 2022, ainda há uma quantidade brutal de
assaltos que terminam com o roubo ou o furto de um telefone celular. E a
próxima vítima pode ser você.
A questão é quando e como contratar o seguro. Será que todos os aparelhos
precisam ser segurados? A resposta é não. Tem celular que, pela idade, modelo ou
deterioração, não justifica a contratação de um seguro para repor o aparelho
roubado. Já outros, pelo preço, justificam o seguro. O que não pode ser
desconsiderado é o seguro para proteger contas e investimentos. Estes podem ser
acessados independentemente do modelo do aparelho. Basta
o celular estar desbloqueado ou o ladrão ter acesso a senha das contas para rapidamente
sacar a grana da vítima.