Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
OS PLANOS DE SAÚDE PRECISAM MUDAR
Ficou ruim para todo mundo. Aliás, não ficou ruim, vem ruim faz vários anos, agora chegou numa situação insustentável. 31 de Maio de 2024Ficou ruim para todo mundo. Aliás, não ficou ruim, vem ruim faz vários
anos, agora chegou numa situação insustentável. Do jeito que vai, vai mal e a
tendência é seguir piorando, com uma agravante muito séria: vários planos de
saúde privados não vão aguentar o rojão e vão quebrar e os que não quebrarem,
se tiverem juízo, vão parar de comercializar novos planos, com tudo de
dramático que isso traz em si. Sem a saúde suplementar, o SUS não dá conta de
sua missão. Os 50 milhões de participantes do sistema privado de saúde são
fundamentais para os recursos destinados ao SUS mal e mal atenderem os outros 150
milhões de brasileiros que dependem dele.
O único ponto positivo do momento atual vivido pelo universo dos planos
de saúde privados é mostrar de forma insofismável que está ruim para todos. Os
segurados estão pagando muito caro, os prestadores de serviços médicos
hospitalares estão sendo mal remunerados e as operadoras de planos de saúde
estão perdendo dinheiro com o negócio. Quer dizer, todos estão insatisfeitos e
não há nenhuma luz no fim do túnel que prometa alguma mudança.
O resultado desse quadro é a turbulência que sacode o setor, com as
operadoras pressionadas pelos políticos e instadas pelos diferentes órgãos de
fiscalização e defesa do consumidor a apresentarem as razões que as levaram a
praticar uma série de ações. Em sua defesa vale salientar que agora mesmo
acabam de se comprometer a não cancelar unilateralmente os contratos.
Sem entrar no mérito da questão, até porque as operadoras, de acordo com
os últimos resultados, tiveram um prejuízo operacional de mais de 3 bilhões de
reais, o que coloca várias delas em situação bastante delicada, os consumidores
tiveram vários procedimentos negados, o que coloca a saúde de vários deles em
cheque, e os prestadores de serviços tiveram pagamentos glosados, o que coloca
a saúde financeira de vários deles em risco. A única certeza é que é preciso
encontrar um caminho para mudar o panorama.
Não adianta insistir com medidas paliativas, como vem sendo feito ao
longo dos últimos anos. O modelo está esgotado e não tem mais como empurrar com
a barriga. Sem uma mudança profunda de todo o desenho, não há escapatória. A
falência é só uma questão de tempo.
Os planos brasileiros são planos sem qualquer flexibilidade para atender
as necessidades de quem realmente importa. A saber, os consumidores, os
prestadores de serviços e as operadoras. São eles que fazem o sistema girar e,
com as regras atuais, não há como criar produtos mais inteligentes para viabilizar
soluções que reduzam os custos e façam os planos de saúde privados brasileiros
serem mais baratos e mais eficientes.
Para mudar não é preciso inventar a roda, nem criar novas jabuticabas.
Sem dúvida, é necessário substituir uma das piores leis da história do Brasil,
mas isso não é um problema insolúvel e será uma benção para todos. As soluções
estão aí, à disposição dos brasileiros. Basta estudar o que é feito nos países
desenvolvidos e adaptar para nossa realidade.
Com novas possibilidades de coberturas e procedimentos operacionais, os
planos de saúde privados brasileiros podem dar conta do recado com vantagens
para todos os envolvidos. Os segurados pagarão menos, os prestadores de
serviços serão melhor remunerados, as operadoras terão resultados positivos e o
SUS não será pressionado pela entrada de milhões de pessoas na rede pública de
saúde.