Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O PRÓXIMO VERÃO
O próximo verão está aí, poucos meses à frente. O calor já está marcando presença, apesar de ainda ser inverno. 06 de Setembro de 2024O próximo verão está aí, poucos meses à frente. O calor já está marcando
presença, apesar de ainda ser inverno. Quer dizer, o próximo verão tem tudo
para ser mais quente e mais radical do que o verão de 2024. Mais radical não é
apenas ser quente, mas ser sacudido por tempestades violentas, tornados,
vendavais, granizo e mais uma série de eventos naturais que ganharam força em
função das mudanças climáticas.
Nada que não venha acontecendo ao longo dos últimos anos. Verão a verão,
as condições ficam mais radicais, os eventos naturais ganham força e seus
estragos se espalham pelo país. Como dizia um antigo líder sindical, “pode ser
que hoje não haja, mas amanhã harará.” É uma certeza. Não é possível
dizer onde o fenômeno vai acontecer, mas que ele virá, virá, e os danos serão
sérios.
Tanto faz o tipo do fenômeno, pessoas perderão a vida e milhões e milhões
de reais serão perdidos em consequência de enchentes, desmoronamentos,
vendavais, granizo, tempestades extratropicais, tornados e outros eventos da
mesma origem, inclusive secas prolongadas, capazes de baixar o nível dos rios e
dos reservatórios, comprometendo o abastecimento de água e a geração de energia
elétrica.
Não há muito que possa ser feito no curto prazo para mudar o cenário. As
catástrofes acontecerão. O que pode ser feito é adotar medidas emergenciais
para minimizar os prejuízos, principalmente a perda de vidas. É preciso coragem
do Poder Público, mas, sem elas, o quadro pode se tornar mais sério, com
desastres como as chuvas e os desmoronamentos em São Sebastião se repetindo, lá
mesmo ou em outras partes do litoral norte paulista ou da região de Angra dos
Reis.
Em Petrópolis, os estragos já se tornaram rotina. Em São Paulo, todos os
anos, os prejuízos atingem os mais pobres, justamente porque são quem habita as
centenas de áreas críticas mapeadas pela Prefeitura. E, no interior, a situação
não é muito diferente. Se agora a região central do Estado de São Paulo é
vítima de uma seca como há muitos anos não se via outra igual, nos meses de
verão a situação pode mudar radicalmente, com tempestades causando danos de
monta em vários municípios.
Isto para não falar em Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso
do Sul etc. O quadro é preocupante e, como não foi feito nada mais concreto
para reverter o quadro, as possibilidades de ocorrências severas é bastante
real.
As seguradoras têm batido forte na tecla da criação de um seguro
obrigatório para os danos das mudanças climáticas, mas até agora o governo não
se sensibilizou com o assunto. Quer dizer, este verão seguiremos sem o seguro
obrigatório e com poucos seguros facultativos para fazer frente aos bilhões de
reais que com certeza o país perderá. Mais uma vez, a população ficará na
dependência da boa vontade do Poder Público, que, com o passar do tempo após a
catástrofe, não costuma entregar tudo que promete no momento que ela ocorre.
Enfim, alguma coisa pode ser feita, começando pela retirada dos moradores
das áreas mais ameaçadas. Então, é exigir que o governo faça. Quanto aos danos materiais, estes é uma outra
história.