Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
PARA ENFRENTAR OS DESASTRES DO VERÃO
Para quem acha que a natureza decidiu implicar com o Brasil, alguns dados para desfazer o mal-entendido. 04 de Outubro de 2024Para quem acha que a natureza decidiu implicar com o Brasil, alguns dados
para desfazer o mal-entendido. Não tem dúvida nenhuma, as coisas por aqui estão
longe de estarem bonitas. A seca brutal que assola grande parte do território
nacional terá consequências na economia. As queimadas, além destruírem natureza
e agricultura, estão cobrindo o céu com uma enorme nuvem de fumaça e vão ajudar
a encarecer a conta. Tem pouco que pode ser feito e, mais uns dois meses,
entramos na época das chuvas, que, se, de um lado, ajudam a debelar os
problemas atuais, de outro, trarão enchentes, deslizamento de morros e
destruição de maneira geral. Entre secos e molhados, o retrato está longe de
ser bonito ou reconfortante, mas o resto do mundo não está melhor.
O furacão Helene se abateu sobre os Estados Unidos com força e já é
considerado um dos maiores dos últimos 80 anos. Até agora, são mais de cem
mortos e as seguradoras norte-americanas estimam os prejuízos em mais de cem
bilhões de dólares. As imagens da destruição são apavorantes e ainda falta
muito para se ter uma ideia real das perdas diretas e indiretas causadas por
ele.
Do outro lado do país, incêndios florestais também causam danos
significativos, mostrando que, contra a natureza enfurecida, há pouco que mesmo
a nação mais poderosa do planeta possa fazer. Mas o quadro é muito pior.
Incêndios florestais, depois de queimarem extensas áreas em Portugal,
atingem a Grécia, enquanto, do outro lado do mundo, a China sente a força dos
tufões que se abatem sobre seu território e o Japão não fica atrás, varrido por
um tufão de força máxima em agosto e um terremoto forte em setembro.
Se esses eventos acontecessem em áreas completamente desabitadas, em
desertos ou no meio dos oceanos, seriam apenas eventos naturais que atingem
regularmente o planeta, dentro da rotina da Terra, desde que ela existe.
Acontece que, desta vez, ao contrário das anteriores, temos o dedo do ser
humano metido na história e, mais grave ainda, temos pessoas morrendo e
trilhões de dólares sendo perdidos. O duro é que o quadro só deve se agravar e,
ainda que tentássemos reverter o aquecimento global, interrompendo imediatamente
todas as emissões de gases do efeito estufa, os resultados demorariam várias
décadas para serem sentidos.
O próximo verão está batendo na porta e, com base nos anos anteriores, é
fácil garantir que o Brasil será severamente atingido por uma série de
tempestades e outros fenômenos climáticos típicos da estação, capazes de
causarem mortes e prejuízos elevados.
Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, Europa e Japão, que têm
parte desses riscos segurada, e da China, que tem caixa para minimizar os
prejuízos, nós navegamos sem bússola e sem compasso, ou seja, dependendo da
ajuda do Governo Federal, que não é famoso por ser eficiente ou generoso. Nós
não temos planos de prevenção de riscos, políticas de assentamento populacional
ou seguros para indenizar as perdas.
Diante deste cenário, a Academia Paulista de Letras, o SINDSEG-SP
(Sindicato das Seguradoras do Estado de São Paulo) e a CNSEG (Confederação
Nacional das Seguradoras) promoverão, no dia 5 de novembro, um seminário com o
objetivo de analisar, discutir e apresentar soluções para minimizar os
problemas que fatalmente se abaterão sobre nós.
Participe, as inscrições são gratuitas.