Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
A PANDEMIA CHEGOU
Não tem mais jeito, tanto faz o que digam, a verdade curta e direta é que a pandemia do coronavírus entrou com tudo e tomou o Brasil de assalto. 20 de Março de 2020Não tem mais jeito, tanto faz o que digam, a verdade curta e direta é que
a pandemia do coronavírus entrou com tudo e tomou o Brasil de assalto. Os casos
se multiplicam em velocidade espantosa, as internações aumentam e os óbitos
também.
Apesar de não ter alta taxa de letalidade, o coronavírus cobra sua quota
de vidas e mata, aliás, como acontece com a maioria das epidemias virais. Mas o
principal problema não está nas mortes, está na velocidade com que o vírus
infecta as pessoas, sobrecarregando e colocando pressão na rede hospitalar.
Ninguém tem dúvida, o Ministro da Saúde está fazendo certo e fazendo o
que pode. Da mesma forma, o Dr. David Uip, coordenador estadual do grupo de
trabalho para enfrentar a pandemia, está aparelhando o estado de São Paulo para
fazer frente ao número crescente de doentes que precisarão de internação
hospitalar.
A rede pública brasileira não tem o número de leitos de UTI necessários
para dar conta do surto. Se a curva da doença não for abrandada, em pouco tempo
a rede estará sobrecarregada e próxima de um colapso. Importante dizer que o
leito de UTI em questão não é a UTI normal, é um leito que precisa isolamento
absoluto para a doença não se propagar dentro do hospital.
É por isso que o Governo está deliberadamente desligando o Brasil e
fazendo com que o maior número de pessoas fique em casa. O que está em jogo é
evitar a propagação do vírus e isso só é possível se evitando o contato
pessoal.
As medidas que vão sendo adotadas são cada vez mais extremadas. São Paulo
já fechou o comércio, as escolas e o Governador sugeriu o fechamento dos
shopping centers, espaços maciçamente utilizados pelos paulistanos.
O país está se mobilizando contra o vírus, ou melhor, contra a capacidade
de expansão do vírus. E a lição de casa tem que ser feita sem demora. Nos
próximos meses, a epidemia atingirá seu pico e é de se esperar o aumento rápido
do número de casos diários.
Até lá, mais leitos de UTI estarão funcionando na rede pública, mas só
eles não serão suficientes. É aí que entram os planos de saúde privados. Eles
têm papel fundamental no combate ao coronavírus, até porque a rede privada tem
mais leitos de UTI do que a rede pública e eles serão fundamentais para o
Brasil sair da epidemia com o mínimo de óbitos e o mais rapidamente possível.
Alguém pode levantar a regra constante de praticamente todas as apólices
de seguros emitidas no mundo inteiro, que exclui das coberturas epidemias e
pandemias.
No Brasil, elas não prevalecerão. As operadoras de planos de saúde
privados atendem regularmente, faz muitos anos, os casos de dengue,
chicungunha, sarampo e outras epidemias, como a gripe que também está chegando
e tem potencial de letalidade maior do que o coronavírus.
Dificilmente uma operadora de planos de saúde faria do coronavírus uma
exceção à regra vigente e diria que a epidemia não está coberta. Ela sabe que
seu direito, no caso, é muito tênue, já que a exclusão de cobertura, se é que
existe, foi ultrapassada pelo atendimento de milhares de pacientes das
epidemias que grassam no território nacional faz muitos anos.
Além disso, ou por isso, imediatamente pipocariam ações judiciais
solicitando liminares que seriam dadas pela quase unanimidade dos juízes
brasileiros.
É hora de solidariedade. É nos momentos difíceis que as sociedades bem
sucedidas se destacam. Seus integrantes se unem em torno do bem maior e não
medem esforços para fazer frente ao dano que os ameaça.
Da mesma forma que pessoas ricas, como um usineiro meu amigo, e empresas
com espírito público estão doando quantias significativas para hospitais como a
Santa Casa de São Paulo fazerem frente à epidemia, com certeza as operadoras de
planos de saúde privados se destacarão na luta para debelar a epidemia que
ameaça os brasileiros.