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Fornecer remédio para uso domiciliar não é obrigação de plano de saúde, decide STJ

Valor Econômico - 15 de Julho de 2021

O STJ entendeu que o fornecimento de medicamento para uso domiciliar não está entre as obrigações mínimas das operadoras de planos de saúde. A única exceção são os antineoplásicos orais e correlacionados, a medicação aplicada em home care e os produtos listados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como de fornecimento obrigatório.

A decisão é da 4ª Turma da Corte em processo movido por um aposentado para obrigar o plano de saúde Prevent Senior a custear tratamento domiciliar com o remédio Tafamidis – Vyndaqel, registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANS).

“A saúde suplementar cumpre propósitos traçados em políticas públicas legais e infralegais, não estando o Judiciário legitimado e aparelhado para interferir”, disse o ministro Luis Felipe Salomão, relator do caso. Para o aposentado, a recusa da operadora viola o Código de Defesa do Consumidor (CDC). A primeira instância negou o pedido, mas o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) acatou. Inconformada, a Prevent Senior recorreu ao STJ.

Na decisão, o relator afirmou que o artigo 22, parágrafo 1º, da Lei nº 9.656, de 1998, mostra a inequívoca preocupação do legislador com o equilíbrio financeiro-atuarial dos planos e seguros de saúde. Quanto ao CDC, disse que sua interpretação deve considerar o texto da lei como um todo, dentre os quais o princípio do equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores (REsp 1883654). Salomão declarou ainda que já é pacífico na 2ª Seção do STJ o entendimento de que as normas do CDC se aplicam apenas subsidiariamente aos planos de saúde.