ANS: Prejuízo das operadoras de planos de saúde cai de R$ 10,6 bi para R$ 5,9 bilhões em 2023
Taxa do uso de planos de saúde, embora ainda seja maior que no pré-pandemia, é a melhor dos últimos três anos
Valor Econômico - 19 de Abril de 2024O mercado de planos de saúde encerrou o ano passado com um prejuízo operacional de R$ 5,9 bilhões — uma melhora em relação a 2022, quando o resultado negativo foi de R$ 10,6 bilhões. Já o lucro líquido, que considera a receita financeira, somou R$ 1,9 bilhão contra um prejuízo de R$ 529,8 milhões, em 2022. A receita das operadoras de convênio médico subiu 17,7% para R$ 311,4 bilhões.
“A recuperação está acontecendo, os resultados são melhores
do que o que foi projetado para o setor. Se em 2022 foi registrado prejuízo na
casa de R$ 530 milhões no segmento médico-hospitalar, 2023 já trouxe lucro de
1,9 bilhão. Inclusive, poderíamos até mesmo ter números melhores, mas houve
ajustes contábeis significativos em operadoras maiores que tiveram impacto nos
resultados gerais”, afirma o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da
ANS, Jorge Aquino.
A sinistralidade, indicador que mensura a taxa de utilização
do plano de saúde, ficou em 87%, o equivalente a 2,2 pontos percentuais abaixo
do apurado no ano anterior. “Tal resultado, embora ainda superior ao observado
nos anos pré-pandemia e fortemente impulsionado por algumas das maiores
operadoras do país, é o melhor dos últimos três anos”, informa a agência.
Considerando todo o mercado de saúde — operadoras de
convênios médicos e odontológicos e administradoras de benefícios — o prejuízo
operacional foi de R$ 4,5 bilhões no ano passado contra R$ 9,3 bilhões em 2022.
O lucro líquido do setor, por sua vez, saltou cinco vezes para R$ 3 bilhões.
Nesse indicador, há inclusão de receitas financeiras. “Esse resultado equivale
a aproximadamente 1% da receita total acumulada no período, que foi superior a
R$ 319 bilhões. Ou seja, para cada R$ 100,00 de receitas, o setor auferiu cerca
de R$ 1,00 de lucro ou sobra”, informa a ANS.
O faturamento do setor todo subiu 17,6% para R$ 319,1
bilhões, no ano passado quando comparado a 2022. O setor encerrou o ano passado
com 50,8 milhões de usuários de convênio médico e saúde e 32,5 milhões de
pessoas com plano dental.
A ANS destacou que o “o desempenho econômico-financeiro do
setor observado em 2023 é o mais positivo do período pós pandemia”. As
administradoras de benefícios de planos de saúde por adesão registraram lucro
de R$ 406,4 milhões e as operadoras exclusivamente odontológicas, de R$ 652,8
milhões.
O balanço da ANS mostra ainda o desempenho das operadoras em
2023. A Bradesco Saúde teve prejuízo operacional de R$ 1,4 bilhão e um lucro
líquido, beneficiado por receitas financeiras, de R$ 841,2 milhões. Na
SulAmérica, o resultado operacional ficou negativo em R$ 453,6 milhões e o
lucro líquido foi de R$ 786,5 milhões. Na Amil, o prejuízo operacional bateu em
R$ 2,8 bilhões e o prejuízo líquido somou R$ 4 bilhões.
O grupo, vendido em dezembro ao empresário José Seripieri
Junior, tem outras operadoras menores que não estão contabilizadas nesse valor.
A Unimed-Rio apurou prejuízo, tanto operacional como líquido, de R$ 1 bilhão —
a cooperativa carioca amarga resultado financeiro negativo. A Unimed Nacional
apresentou prejuízo operacional negativo de R$ 773,9 milhões e prejuízo líquido
de R$ 581,4 milhões, no ano passado.
A ANS traz dados separados de NotreDame Intermédica que
apurou resultado operacional de R$ 719,4 milhões. Já o resultado líquido ficou
em R$ 437,8 milhões devido ao resultado patrimonial ter ficado negativo em R$
108 milhões. A Intermédica e Hapvida fizeram uma fusão em 2021.