‘Empresas zumbis’são risco pós-pandemia, avalia Swiss Re
As “empresas zumbis”, aquelas com rendimento insuficiente
para cobrir suas dívidas, estão entre os riscos emergentes que poderão pesar
nas economias no pós-covid-19, segundo relatório da resseguradora Swiss Re. O
grupo suíço constata que, na esteira da crise sanitária global, programas de
apoio governamental para evitar falências têm mantido vivas empresas zumbis inviáveis,
levando ao aumento de riscos de crédito e do mercado financeiro.
Em seu relatório “New Emerging Risk Insights”, a Swiss Re
observa que nos EUA as falências de empresas caíram 5% em relação a 2020, uma
inversão da tendência de aumento das taxas de 2017 a 2019. Os programas de
estímulo do governo ajudaram muitas empresas viáveis a se manterem à tona, mas
ao mesmo tempo também apoiaram empresas não viáveis.
Para o grupo suíço, as chamadas empresas zumbis são um fardo
potencial para o setor financeiro, especialmente por aumentar as taxas de
inadimplência. A resseguradora nota que as baixas taxas de juros estão
incentivando as empresas a aceitar crédito bancário, criando um risco de
inadimplência em larga escala quando o apoio governamental secar e essas empresas
se tornarem insolventes.
A Swiss Re menciona o Instituto de Finanças Internacionais
(IIF), que representa as maiores instituições financeiras do mundo. Em
relatório, essa entidade relatou que a dívida corporativa não financeira nos
EUA subiu de menos de 75% no outono de 2019 para mais de 90% do PIB na
primavera de 2020, enquanto os empréstimos bancários às pequenas e médias
empresas (PME) aumentaram em 6%. Sobre potenciais consequências econômicas, o
grupo suíço menciona estudo do Banco de Compensações Internacionais (BIS).
Segundo esse estudo, as empresas zumbis são menos produtivas, o que reduz a
produtividade agregada de um país, pois impede a “destruição criativa”.
Ainda segundo a Swiss Re, certas pesquisas sugerem que
ajudar empresas em dificuldade a se manterem vivas, embora socialmente
justificável em muitos aspectos, de modo a evitar picos agudos no desemprego,
também cria excessiva capacidade de produção e, portanto, pressões
desinflacionárias. Para evitar uma potencial onda de inadimplência e falências,
os governos precisarão decidir cuidadosamente como e quando retirar os pacotes
de estímulo.
Outro risco apontado no relatório da Swiss Re se refere ao
crescimento da desigualdade e a desaceleração da expansão da classe média no
mundo. A resseguradora menciona pesquisa da companhia Pew, segundo a qual o
crescimento global da classe média foi de 54 milhões de pessoas a menos do que
o projetado em 2020, com 60% dessa redução tendo ocorrido somente na Índia. A
Pew define como classe média quem vive com US$ 10 a US$ 20 por dia, o que
resulta em renda anual de US$ 14 mil a US$ 29,2 mil para uma família de quatro
pessoas.
No relatório, a Swiss Re destaca também que um fator-chave
de risco para a frequência de pandemias é o desmatamento em áreas tropicais
ricas em biodiversidade, pois isso pode conectar novos patógenos através de
estradas a centros populacionais. “Em outras palavras, a perda de florestas
torna as pandemias mais prováveis”, diz o grupo suíço.