Brasilprev vai diversificar investimentos
Primeira mulher a presidir a empresa, Ângela Assis quer diminuir concentração de ativos em renda fixa
O Estado de S. Paulo - 23 de Novembro de 2020A nova presidente da Brasilprev, Ângela Beatriz de Assis, primeira mulher a ocupar o posto, assume com o desafio de diminuir a forte concentração dos mais de R$ 300 bilhões sob a gestão da empresa em ativos de renda fixa, conta o Estadão. A mudança vem em meio aos juros baixos que, na visão dela, são o ‘novo normal’ e vão permitir uma economia mais ‘evoluída’.
Para além da diversificação dos investimentos, ela vê
urgência no reforço da educação financeira dos clientes e quer preparar a
empresa, líder em previdência privada, para navegar em mar aberto, ampliando um
radar que hoje mira só a base de clientes do Banco do Brasil. “Com juros
baixos, poderemos ter, de fato, uma economia mais evoluída, com melhor
distribuição de riquezas. Temos de entender que esse será o novo normal”, diz
Ângela ao Estadão/broadcast, na primeira entrevista após a nomeação ao cargo.
“Mesmo o cliente mais conservador vai ter de entender que terá de assumir um
pouco de risco para rentabilizar seu patrimônio”.
Esse é um desafio importante, diz, considerando o tamanho
da Brasilprev, que tem 2,3 milhões de clientes e mais de R$ 300 bilhões em
ativos sob gestão – o que lhe garante a liderança do mercado, com fatia de 30%.
O cenário de pandemia, que mantém a volatilidade nos mercados e volta e meia
assusta os investidores, aumenta a responsabilidade. Nos ativos geridos,
segundo ela, há muita concentração na renda fixa.
“Temos muito mais trabalho e necessidade de comunicação com
nossos clientes do que os outros players em razão do nosso tamanho, que nos dá
muitas vantagens, mas também desafios”, diz. No quesito investimentos, o foco
da gestão, afirma Ângela, será de continuidade.
Primeira mulher a comandar a Brasilprev desde sua fundação,
em 1993, ela já estava na atual diretoria, que iniciou processo de
diversificação do portfólio da empresa diante da queda dos juros. O movimento
tem sido feito aos poucos e com cautela, afirma, mas já apresenta resultados. A
proporção do patrimônio líquido da companhia em multimercados, fundos que
combinam diferentes estratégias, é de 12,3% ante 9,3% no ano passado. Em 2018,
não chegava a 6%.
Ela também defende um reforço na educação financeira e
previdenciária dos brasileiros, e pretende levar a cabo um projeto, com outros
parceiros, para levar educação financeira a escolas e associações de bairro.