Líder esclarece questionamentos
Seguradora rebate críticas de ineficiência e diz que ampliou combate a fraudes
G1 - 15 de Novembro de 2019Seguradora Líder,
administradora do DPVAT, rebate críticas de ineficiência e diz que ampliou
combate a fraudes
O G1 relata que a seguradora Líder,
responsável pela administração do Seguro DPVAT, rebateu ao G1 as críticas
feitas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) de ineficiência no
chamado 'seguro obrigatório'.
A Susep, autarquia vinculada ao
Ministério da Economia que fiscaliza os seguros, disse ter sido consultada pelo
governo antes de ser anunciado, na última segunda (11), o fim do DPVAT, a
partir do ano que vem.
E que comprovou com dados a
'baixa eficiência' do seguro, mas não detalhou quais foram as
informações apresentadas ao ministério.
Afirmou apenas que a operação
do DPVAT representa 1,9% do volume de receitas de seguros no país, mas consome
19% dos recursos de fiscalização da superintendência.
'Não há nada que indique
ineficiência na gestão do Seguro DPVAT', afirma a gestora do seguro
obrigatório. 'Ao contrário. A Seguradora Líder acumulou redução de despesa
total da ordem de 9,9%, de janeiro a outubro de 2019, se comparado ao mesmo
período do ano passado.'
A Líder é um consórcio de 73
seguradoras que administra o DPVAT desde 2007. Inclui as operadoras mais
conhecidas do país e também uma empresa que tem entre seus sócios o presidente
do PSL, o deputado federal Luciano Bivar.
Juntas, as seguradoras que
formam o consórcio representam 70% do mercado, segundo a própria Líder.
Fraudes
A superintendente da Susep,
Solange Teixeira, disse ainda, na última terça, que 'havia uma corrupção
enorme' no modelo do seguro obrigatório. Um dia antes, ao anunciar o fim
do DPVAT, o governo mencionou que a medida tem o potencial de evitar fraudes.
Em 2015, o DPVAT foi alvo de
uma operação da Polícia Federal contra fraudes chamada 'Tempo de
despertar'. Na época, a PF e o Ministério Público estimaram que os
prejuízos aos cofres públicos poderiam ser de R$ 1 bilhão em todo o Brasil.
A Seguradora Líder disse que,
desde 2017, aumentou a prevenção, detecção e investigação de fraudes na
administração do DPVAT. Em 2018, 11.898 tentativas foram detectadas, evitando,
segundo a seguradora, a perda de R$ 69,6 milhões.
TCU viu 'transformação'
Entre 2014 e 2015, uma
auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) questionou o cálculo dos valores
do DPVAT e constatou 'despesas administrativas irregulares, acordos
judiciais antieconômicos e provisões superestimadas com pagamento de indenizações
em valores superiores aos limites estabelecidos em lei'.
Em relatório de julho último, o
TCU disse que 'após a Operação Tempo de Despertar, a administração da
Seguradora Líder sofreu grande transformação'.
O tribunal citou mudanças no
quadro de administradores e a implementação de ações de combate a fraudes, o
que 'resultou em relevantes superávits financeiros nos anos de 2016 a
2018'.
E destacou que 'no fim de
2016, iniciou-se um movimento de grande redução da tarifa do DPVAT'. Os
valores do seguro vêm caindo desde 2017. Em 2019, ficou mais barato também para
motocicletas, responsáveis por 70% dos pedidos de indenização.
A Líder afirmou que
intensificou o combate a fraudes desde 2017. Naquele ano, 17.550 tentativas
foram descobertas — 44,8% do total de fraudes evitadas entre 2008 e 2016.
Segundo a seguradora, até
setembro de 2019 a fraude mais comum foi a documental, com 84,86% do total,
seguida por declarações falsas (10,12%).
Tempo para pagar indenização
A Líder afirmou ainda que tem
aprimorado seus sistemas para redução de tempo e custos nos processos e
pagamentos das indenizações.
Entre as mudanças estão a
internalização de atividades, como revisão de perícia médica, análise e
aprovação de pagamentos para indenizações por invalidez permanente. E a criação
de um aplicativo que permite iniciar o processo de pedido de indenização pelo
celular.
De acordo com a empresa, com
essas medidas, o tempo de pagamento de indenização caísse de até 30 dias, que é
o prazo determinado por lei, para entre 7 e 9 dias úteis, após a entrega de
toda a documentação.
Além disso, segundo a Líder, o
número de pagamentos cresceu 7,7% de janeiro a outubro de 2019 em relação ao
mesmo período do ano passado.
De acordo com o balanço no site
do consórcio, em 2018, 65 milhões de veículos pagaram o DPVAT e a arrecadação
foi de R$ 4,7 bilhões.
Por lei, metade deste valor é
destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Departamento Nacional de
Trânsito (Denatran). O montante pago em indenizações foi de R$ 1,4 bilhão. E a
Líder diz ter encerrado o ano com lucro de R$ 1,1 milhão (0,02% da
arrecadação).
Atualmente, de acordo com o
governo federal, o DPVAT tem reservas de R$ 8,9 bilhões, sendo que o valor
estimado para cobrir as obrigações efetivas do seguro até o fim de 2025, quando
a Líder deixará de administrá-lo é de aproximadamente R$ 4,2 bilhões.
Reclamações
A Susep também apontou que
'o volume de reclamações do DPVAT é um dos maiores do mercado, sendo a
empresa administradora do seguro [Líder] a segunda colocada no ranking de
reclamações'.
O G1 perguntou à
superintendência quais são as principais queixas, mas não obteve resposta até a
publicação desta reportagem.
'Nenhuma seguradora no
mercado nacional possui 65 milhões de clientes e, tampouco, recepciona, por
ano, cerca de 600 mil pedidos de indenizações', rebateu a Líder. 'O
correto seria comparar a frequência de reclamações frente ao número de
segurados ou ao número de indenizações reclamadas. Certamente o resultado seria
outro.'
Segundo o consórcio, em 2018, a
empresa teve 8.132 reclamações para 65,2 milhões de bilhetes (veículos que
pagaram seguro) — o que representa 0,01% do volume total. Confrontando o número
de acidentes recepcionados e o de reclamações, a porcentagem sobe para 1,36%. A
empresa também disse que há reclamações não procedentes.
A Líder também respondeu à
informação da Susep de que o DPVAT é alvo de 'milhares de ações
judiciais'. Segundo a gestora, o número de processos caiu mais de 15% nos
primeiros oito meses de 2019, passando de 420 mil para 357 mil.
'No histórico de entradas
de novas ações nos últimos 4 anos, a seguradora também acumula recuos, chegando
a uma redução de 51% com a comparação dos 8 primeiros meses de 2019 com o mesmo
período de 2015'. O índice de êxito nas ações, de acordo com a seguradora,
é de mais de 70%.