Mercado passa a prever alta de 1% do PIB
O Estadão informa que os dados de atividade do mês de setembro confirmaram a expectativa de mercado de leve aceleração do ritmo de retomada e provocaram um aumento nas perspectivas para o crescimento da economia em 2019 e 2020, de acordo com levantamento feito ontem pela Projeções Broadcast após a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do nono mês. Agora, a expansão de 1,0% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 é a mediana, contra 0,90% há um mês. Para 2020, a mediana é de 2,3%, mais alta do que no levantamento anterior (2,0%).
Com 35 instituições ouvidas, o
intervalo para o PIB deste ano vai de 0,90% a 1,20%, enquanto para 2020 varia
de 1,60% a 2,80%. Para o terceiro trimestre, o piso das estimativas é de 0,30%
e, o teto, de 1,0%. A mediana encontrada é de 0,40%. O IBGE divulga o PIB de
julho a setembro no dia 3 de dezembro.
O resultado do IBC-Br (uma
espécie de prévia do PIB do Banco Central) do terceiro trimestre evidenciou a
melhora no desempenho da economia, com crescimento de 0,91%, acima do indicado
pela mediana do serviço especializado do Broadcast, de 0,75%. A expansão de
0,44% de setembro também superou a mediana de 0,39% e os números dos meses
anteriores do trimestre também foram revisados para cima. A avaliação do
mercado é de que fatores pontuais, como o FGTS, impulsionam a atividade, mas
que há outros motivos mais duradouros que explicam o melhor desempenho da
economia. Números do IBGE sobre atividade nos Serviços e no Varejo em setembro
também apresentaram melhora.
“Diante da leitura do IBC-Br
acima da expectativa e da recente recuperação acima do esperado dos principais
setores da economia brasileira, acreditamos que a recuperação da atividade
econômica continuará ganhando tração nos próximos meses”, avalia a XP
Investimentos, em relatório em que reporta o aumento da projeção de 2019 de
0,90% para 1,0% e de 2020, de 2,10% para 2,3%.
Surpresa. O Banco Safra, o
Rabobank, a Mongeral Aegon Investimentos, a Arazul Capital e a GO Associados
também elevaram as projeções depois da divulgação dos indicadores de setembro.
Mas não foi só o IBC-Br que
surpreendeu positivamente. O economista Julio Cesar Barros, da Mongeral Aegon
Investimentos, alterou a projeção para o
PIB de julho a setembro, de
0,50% para 0,60%, por causa do “conjunto da obra”. A estimativa para 2019 é de
1,0%. “O que acho importante é a sinalização para frente. Setembro foi um mês
mais forte, afetado por questões específicas, como o FGTS e a Semana do Brasil,
mas também por um crescimento do crédito, pela melhora gradual do emprego e
pela redução das incertezas.”
O desempenho melhor da
atividade no fim deste ano também vai deixar uma herança positiva para 2020.
Por isso, Barros aumentou a projeção do PIB do ano que vem de 2,20% para 2,40%.
“Há um impulso maior de
atividade econômica, mas é uma aceleração frente ao primeiro trimestre, que foi
bem ruim. Não devemos nos entusiasmar tanto assim. Apesar de ser o número mais
elevado do ano, caso a projeção se confirme, ainda não é tão forte como deveria
ser no pós-crise”, diz o economista Alexandre Lohmann, da GO Associados, que
espera alta de 0,52% no terceiro trimestre e de 1,15% em 2019.
Na Trafalgar Investimentos, o
economista-chefe Guilherme Loureiro manteve a perspectiva para o PIB do
terceiro trimestre, de 0,50%, de 2019 (1,0%) e de 2020 (2,5%). “Os dados
reforçam a expectativa que já era mais otimista para o terceiro trimestre.”
Mas Loureiro acrescenta que
outros sinais de setembro indicam um crescimento mais forte lá na frente, com
melhora adicional das condições financeiras, o que pode possibilitar uma
expansão maior do PIB em 2020, de 2,6% a 2,7%. “Há indicadores antecedentes,
como a curva de juros e a inflação de curto prazo, que vão se refletir daqui a
seis meses, que indicam retomada mais forte”, diz, citando também que as
reformas estruturais devem impulsionar o crescimento.