Em sete dias, aquisições movimentam R$ 1,5 bi
Em apenas uma semana, foram concluídas sete aquisições no
setor de saúde, sendo quatro delas anunciadas num único dia. Juntas, essas
transações - lideradas por Dasa, Fleury, Rede D’Or e Hospital Care - superam a
marca de R$ 1,5 bilhão. As operações têm em comum a diversificação geográfica
ou expansão para novas áreas de negócios. Considerando os cinco primeiros meses
deste ano, foram assinados 79 negócios no setor de saúde, um incremento de
21,5% quando comparado ao mesmo período de 2020, segundo levantamento da
Deloitte Brasil.
A Dasa encabeçou as maiores transações desta última semana,
ao comprar o Hospital da Bahia e a corretora e administradora de planos de
saúde Case por cerca de R$ 1 bilhão. Seu concorrente, Fleury, adquiriu os
laboratórios Pretti e Bioclínico, do Espírito Santo, por R$ 315 milhões.
A Rede D’Or, que acaba de colocar mais R$ 1,7 bilhão no
caixa, por meio de uma oferta subsequente, levou o Hospital Serra Mayor, de São
Paulo, por R$ 130 milhões. E a Hospital Care comprou o Hospital Evangélico de
Sorocaba, no interior paulista. A semana também contou com a presença do
Hospital Albert Einstein, que concluiu a aquisição do Hospital Órion, em
Goiânia (ver Einstein assume hospital em Goiânia).
As transações confirmam as estratégias adotadas pelos grupos
de saúde de diversificação do negócio. “Eles estão alargando seu campo de
atuação, querem participar das várias etapas da jornada do paciente. Os grupos
sabem que o custo da saúde vai se tornar impagável se continuar crescendo no
atual ritmo e com o atual modelo”, disse Luis Fernando Joaquim, sócio-lider da
área de saúde da Deloitte Brasil. Por isso, essas empresas buscam novos
formatos de atuação.
Em laboratórios e hospitais, quanto maior o volume de
procedimentos realizados, maior sua receita. Mas há muito desperdício nesses
processos, com repetição de exames, por exemplo. Assim, o atual modelo do setor
- cuja inflação médica, historicamente, é o triplo da inflação do país (IPCA) -
é considerado insustentável.
Diante desse cenário, “os grupos de saúde querem participar
de outras etapas do cuidado, com novos modelos, e negociam com as operadoras um
repasse de valor per capita e não por exame”, diz Joaquim. Um questionamento
sobre essa nova estratégia é se os prestadores de serviços vão entrar na seara
das operadoras de planos de saúde. “É difícil dizer, mas não é impossível.
Precisa ser muito grande para competir com Bradesco e SulAmérica, por exemplo,
que estão no país todo”, disse o sócio da Deloitte. Hoje, alguns grupos de
saúde já têm um pé na área de planos de saúde, ainda que de forma indireta ou
tímida.
A Rede D’Or é a maior acionista da Qualicorp, uma corretora
e administradora de planos de saúde. A D’Or, Dasa e Fleury fazem gestão de
convênios médicos corporativos. A Hospital Care tem uma carteira com cerca de
100 mil usuários de planos de saúde que vieram de aquisições de hospitais que
tinham esse negócio.
As transações dos últimos setes dias marcaram ainda a
entrada em novas praças. O Fleury desembarcou no Espírito Santo. “Os
laboratórios Pretti e Bioclínico estão entre os três maiores da Região
Metropolitana de Vitória. Ao comprar os dois de uma só vez, o Fleury dificulta
a entrada de outros rivais. Em Vitória, há um movimento de maior procura por
serviços de saúde de melhor qualidade, com tíquete maior, disse Aleardo Veschi,
sócio da Hunter Capital, consultoria que se associou à Òrama. Veschi foi o
assessor dos laboratórios Pretti e Bioclínico.
Com o Hospital da Bahia, a Dasa entrou em Salvador e vai
integrar este novo ativo a seus laboratórios, que já são líderes na capital
baiana. A Hospital Care também está estreando em Sorocaba, no interior
paulista, e a Rede D’Or diversificou seu público ao comprar o Hospital Serra
Mayor, que trabalha com um tíquete médio menor.