Wiz fecha acordo de exclusividade no balcão do BRB
O BRB não possui uma seguradora própria e em vez disso trabalha com um pool de companhias.
Valor Econômico - 30 de Abril de 2021O Valor Econômico informa que a Wiz Soluções fechou um acordo para ter exclusividade na comercialização de produtos de seguros no balcão do Banco de Brasília (BRB) por 20 anos. O valor da transação não foi revelado, mas deve exigir um investimento significativo da Wiz, que este ano perdeu um acordo semelhante que tinha com a Caixa.
Será constituída uma nova empresa, que terá o controle da
Wiz, mas uma estrutura de governança compartilhada. Parte do aporte que será
feito pela Wiz é à vista e parte a prazo, dependente do cumprimento de
determinadas metas.
A Wiz vinha guardando dinheiro para o processo competitivo
da Caixa e, como não levou, tem um caixa robusto, que terminou 2020 em R$ 250
milhões. “Foi um processo competitivo público, tudo feito com muita cautela e
muito cuidado. Fiquei impressionado com o nível de exigência, o
profissionalismo do BRB em todo o processo”, diz o CEO da Wiz, Heverton Peixoto.
Segundo o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, o
processo contou com 11 participantes e quatro foram para a última etapa. “A Wiz
tem feito um trabalho revolucionário, com tecnologia, cultura, qualidade de
gestão”. Desde que Costa assumiu, há pouco mais de dois anos, o BRB vem se
recuperando, após os transtornos causados pela operação Circus Maximus, da
Polícia Federal, que afetou executivos da administração anterior.
Há cerca de dez meses o banco lançou uma parceria com o
Flamengo para um banco digital que quase dobrou sua base de clientes,
conquistando 460 mil novas contas. As ações do banco - que são negociadas na
B3, mas têm uma liquidez baixa - subiram mais de 1.000%, saindo de algo perto
de R$ 2 para o patamar atual de quase R$ 27. “Com o forte crescimento do BRB
nos últimos anos, se tornando um banco nacional, acredito que em poucos anos
esse acordo com eles pode ser maior para a Wiz do que era o balcão da Caixa”,
diz Peixoto.
O acordo de bancassurance com a Caixa representa atualmente
algo perto de 70% da receita da Wiz. A parceria será omnichanel, ou seja, a Wiz
vai comercializar produtos de seguridade em todas as plataformas do BRB,
incluindo agências e o banco digital com o Flamengo. O BRB não possui uma
seguradora própria e em vez disso trabalha com um pool de companhias. “É
praticamente um modelo de negócios open banking. Nós vamos buscar no mercado o
que há de melhor em produtos, nas melhores condições para nossos clientes”, diz
Costa.
Segundo ele, a expectativa é crescer a base de clientes de
seguros em cinco vezes em um prazo de cinco anos. O banco recolheu R$ 700
milhões em prêmios de seguros no ano passado, mas a penetração ainda é baixa.
Em seguros de automóveis, por exemplo, é de apenas 2,9% da base de clientes e
poderia chegar a quase 10%. Em vida, a penetração é 4,38% e pode chegar a 12%;
em residencial, 2,67% e pode chegar a 20%, já que o BRB vem crescendo
fortemente no crédito imobiliário, se tornando líder nessa linha no mercado da
capital federal.
O banco também é forte no seguro prestamista, pois tem a
folha de pagamento do governo do Distrito Federal. “Essa parceira é fundamental
para aumentar o relacionamento e capturar valor com a nossa base de clientes.
Os produtos de seguridade são fundamentais para consolidar a estratégia do BRB
de ser um banco completo, eles são rentáveis e fidelizam os clientes”, diz
Costa. “Temos pleno senso do desafio e das oportunidades. E a certeza de que
vamos construir uma nova companhia de futuro grandioso”, acrescenta Peixoto.
O conselho do BRB também aprovou nesta quinta-feira uma
parceria com a Genial para criar uma plataforma de investimentos, que será
implementada por meio de parceria comercial, e deve se dedicar agora a escolher
um novo parceiro na área de meios de pagamento. O presidente do banco confirma
que pretende realizar uma oferta subsequente de ações (follow-on) até setembro,
para ter fôlego para continuar crescendo e ampliar a liquidez das ações na
bolsa. A ideia é passar o free-float do patamar atual de 3% para quase 30%,
obviamente mantendo o controle nas mãos do governo do DF.