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Nova gestão do Fleury vai focar em aquisições de outros negócios

Valor Econômico - 12 de Abril de 2021

Com um novo comando, a estratégia do Fleury agora é crescer via aquisições, principalmente, de ativos não ligados à medicina diagnóstica e acelerar o projeto de diversificação da companhia, iniciado durante a gestão de Carlos Marinelli, substituído pela médica Jeane Tsutsui na presidência da companhia, na semana passada. Atualmente, o Fleury tem entre cinco e seis ativos em fase avançada de negociações. “Acredito que há potencial para escalar outras áreas da saúde, mas também continuamos com interesse em medicina diagnóstica”, disse a nova presidente do Fleury ao Valor Econômico, em sua primeira entrevista no novo cargo.

Na sexta-feira, a companhia anunciou a compra de 66% da clínica de ortopedia Vita, de São Paulo, por R$ 136,8 milhões. Mais da metade dessa quantia será revertida para crescimento orgânico e outras aquisições na área de ortopedia. O Vita já prestava serviços para o Fleury, que já possui uma clínica de cirurgias ortopédicas de baixa e média complexidades. “Com essa aquisição, vamos atender casos cirúrgicos e também oferecer atendimento para tratamento conservador, como fisioterapia, realizado pelo Vita”, disse Jeane, ao explicar as sinergias da aquisição com os serviços já ofertados pelo Fleury.

O grupo vem experimentando uma diversificação dos seus negócios desde 2018, quando comprou a empresa de gestão de saúde empresarial SantéCorp e abriu clínicas próprias para tratamentos ortopédico, de fertilização e de infusão de medicamentos imunobiológicos. Além disso, criou consultórios médicos com marca própria, que nesta pandemia realizaram 280 mil atendimentos de telemedicina.

 No ano passado, o Fleury adquiriu o controle do Centro de Infusão Pacaembu e da Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha, que juntos somaram investimentos de R$ 150 milhões, e criou uma plataforma de marketplace (shopping virtual). Mas, segundo fontes, o conselho de administração do Fleury gostaria que o ritmo de fechar novos negócios fosse acelerado, por isso optou pela troca no comando.

Marinelli fica na empresa até o fim do mês, mas Jeane já assumiu a cadeira de presidente. Apesar da executiva estar sendo preparada para o cargo há alguns anos e ter um currículo muito respeitado, a saída de Marinelli causou surpresa. “No geral, é uma mudança inesperada, especialmente, considerando que Marinelli é um dos mais conceituados CEOs da indústria e foi uma pessoa-chave por trás da concepção e implementação inicial da nova estratégia para expandir o escopo da empresa dentro da cadeia de saúde com plataformas digitais e serviços ambulatoriais”, diz relatório do J.P. Morgan. Marinelli comandou o Fleury por sete anos e foi o presidente que mais tempo ocupou o cargo.

Ainda segundo fontes, a insatisfação do conselho da segunda maior empresa de medicina diagnóstica do país pode estar relacionado a grandes movimentos feitos, ultimamente, por companhias de saúde, com fusões, aquisições e ofertas de ações robustas.

Sua principal concorrente, a Dasa, fez uma operação considerada transformacional ao juntar seu negócio de medicina diagnóstica ao grupo hospitalar Ímpar - ambos os negócios pertencem à família Bueno que bancou a ideia de criar um negócio de saúde integrada, que atua em vários segmentos da cadeia médica.

O Fleury também quer estar presente em diferentes elos do setor, mas não é dono de um grupo hospitalar para dar um salto tão rápido como fez a Dasa, que usou essa tese para captar R$ 3,8 bilhões numa oferta pública de ações (“re-IPO”), semana passada.