Nova gestão do Fleury vai focar em aquisições de outros negócios
Com um novo comando, a estratégia do Fleury agora é crescer via aquisições, principalmente, de ativos não ligados à medicina diagnóstica e acelerar o projeto de diversificação da companhia, iniciado durante a gestão de Carlos Marinelli, substituído pela médica Jeane Tsutsui na presidência da companhia, na semana passada. Atualmente, o Fleury tem entre cinco e seis ativos em fase avançada de negociações. “Acredito que há potencial para escalar outras áreas da saúde, mas também continuamos com interesse em medicina diagnóstica”, disse a nova presidente do Fleury ao Valor Econômico, em sua primeira entrevista no novo cargo.
Na sexta-feira, a companhia anunciou a compra de 66% da
clínica de ortopedia Vita, de São Paulo, por R$ 136,8 milhões. Mais da metade
dessa quantia será revertida para crescimento orgânico e outras aquisições na
área de ortopedia. O Vita já prestava serviços para o Fleury, que já possui uma
clínica de cirurgias ortopédicas de baixa e média complexidades. “Com essa
aquisição, vamos atender casos cirúrgicos e também oferecer atendimento para
tratamento conservador, como fisioterapia, realizado pelo Vita”, disse Jeane,
ao explicar as sinergias da aquisição com os serviços já ofertados pelo Fleury.
O grupo vem experimentando uma diversificação dos seus
negócios desde 2018, quando comprou a empresa de gestão de saúde empresarial
SantéCorp e abriu clínicas próprias para tratamentos ortopédico, de
fertilização e de infusão de medicamentos imunobiológicos. Além disso, criou
consultórios médicos com marca própria, que nesta pandemia realizaram 280 mil
atendimentos de telemedicina.
No ano passado, o
Fleury adquiriu o controle do Centro de Infusão Pacaembu e da Clínica de Olhos
Dr. Moacir Cunha, que juntos somaram investimentos de R$ 150 milhões, e criou
uma plataforma de marketplace (shopping virtual). Mas, segundo fontes, o
conselho de administração do Fleury gostaria que o ritmo de fechar novos
negócios fosse acelerado, por isso optou pela troca no comando.
Marinelli fica na empresa até o fim do mês, mas Jeane já
assumiu a cadeira de presidente. Apesar da executiva estar sendo preparada para
o cargo há alguns anos e ter um currículo muito respeitado, a saída de
Marinelli causou surpresa. “No geral, é uma mudança inesperada, especialmente,
considerando que Marinelli é um dos mais conceituados CEOs da indústria e foi
uma pessoa-chave por trás da concepção e implementação inicial da nova
estratégia para expandir o escopo da empresa dentro da cadeia de saúde com plataformas
digitais e serviços ambulatoriais”, diz relatório do J.P. Morgan. Marinelli
comandou o Fleury por sete anos e foi o presidente que mais tempo ocupou o
cargo.
Ainda segundo fontes, a insatisfação do conselho da segunda
maior empresa de medicina diagnóstica do país pode estar relacionado a grandes
movimentos feitos, ultimamente, por companhias de saúde, com fusões, aquisições
e ofertas de ações robustas.
Sua principal concorrente, a Dasa, fez uma operação
considerada transformacional ao juntar seu negócio de medicina diagnóstica ao
grupo hospitalar Ímpar - ambos os negócios pertencem à família Bueno que bancou
a ideia de criar um negócio de saúde integrada, que atua em vários segmentos da
cadeia médica.
O Fleury também quer estar presente em diferentes elos do
setor, mas não é dono de um grupo hospitalar para dar um salto tão rápido como
fez a Dasa, que usou essa tese para captar R$ 3,8 bilhões numa oferta pública
de ações (“re-IPO”), semana passada.