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Antonio Trindade
Antonio Trindade

Presidente da FenSeg

FenSeg: Um balanço dos impactos da pandemia da Covid-19 no setor segurador

Presidente da FenSeg, Antonio Trindade fala sobre o impacto da pandemia no setor de seguros no País
21/08/2020

Na pandemia do novo coronavírus, que ainda se arrasta no País, o setor segurador viu carteiras serem bastante afetadas pelo isolamento social e outras decorrências, mas também registra crescimento em outras carteiras importantes neste período. Na entrevista a seguir, o presidente da FenSeg, Antonio Trindade, analisa os impactos da pandemia na indústria seguradora e aponta tendências. “Entre os produtos, o seguro intermitente (Liga-Desliga) tende a ganhar mais espaço nas carteiras das empresas, atendendo a demandas pontuais dos clientes”, afirma ele.

Qual é o impacto causado pela pandemia do novo coronavírus no segmento de seguros no Brasil?

O primeiro semestre do ano confirmou o poder de resiliência do setor de seguros no Brasil. O segmento de Seguros Gerais, assim como toda a atividade econômica, sentiu o impacto da crise de formas distintas. Algumas carteiras foram mais afetadas, especialmente automóvel, que responde pela metade da arrecadação entre os produtos de danos. Houve redução de 51% no licenciamento de novos veículos no período de janeiro a junho/2020, de acordo com dados da Anfavea. Também diminuiu a venda de veículos seminovos, na esteira da queda da renda, de empregos e, consequentemente, do poder aquisitivo da população. Neste cenário, o ramo de transportes também foi impactado pela crise, com a diminuição do volume de mercadorias comercializadas nos mercados interno e externo. Por outro lado, continuamos verificando um quadro positivo no Seguro Rural, que registrou crescimento de 25,2% em volume de prêmios no primeiro semestre do ano. O ramo de Grandes Riscos teve alta de 31%, enquanto o Seguro de Riscos Cibernéticos dobrou o volume de prêmios. A recuperação dos Seguros Gerais deve ocorrer na mesma velocidade da recuperação econômica do País considerando os setores diretamente vinculados a esse segmento. Os principais desafios estão ligados à retomada da atividade econômica, o que pode trazer bons resultados em áreas como infraestrutura, crédito e vendas de bens e mercadorias. A expectativa é de que, no segundo semestre, passado o impacto na economia mundial, haja uma retomada dos prêmios e contratações.

Qual é a expectativa em relação aos negócios neste segmento para 2020?

Mesmo com pandemia, há um cenário promissor para o seguro de Riscos Cibernéticos e o de Responsabilidades, principalmente o D&O. As carteiras de seguro Residencial, com o crescimento do home office, também estão em evidência, assim como o Seguro Rural, que se destaca com prêmios 25% maiores no primeiro semestre de 2020.

Quais tipos de produtos ou serviços podem surgir como resultado da pandemia e como os clientes podem se beneficiar disso?

Em tempos de quarentena e de home office, as seguradoras acompanham as necessidades dos clientes, investindo em tecnologia com o objetivo de facilitar o dia a dia dos segurados, com aplicativos e operações online. As plataformas digitais contribuem para a transparência de informações aos segurados, comercialização de seguros e regulação de sinistros. Entre os produtos, o seguro intermitente (Liga-Desliga) tende a ganhar mais espaço nas carteiras das empresas, atendendo a demandas pontuais dos clientes. Vale ressaltar que as novas tecnologias caminham de mãos dadas com o trabalho do corretor de seguros. Ele é um grande parceiro do mercado na disseminação da cultura securitária e na comercialização de novos produtos. O corretor é cada vez mais um consultor especializado, com profundo conhecimento das necessidades dos segurados.

Como as empresas do setor se adequaram às medidas impostas pela pandemia?

Como citado, o uso da tecnologia foi fundamental para manter o fluxo dos negócios e o atendimento aos clientes. As empresas reforçaram com informação ágil e comunicação clara a importância do seguro no momento que estamos atravessando, quando precisamos ampliar a consciência das pessoas e empresas sobre riscos e a necessidade de buscar proteção adequada.