home / conversa com executivos / Um setor essencial na pandemia
Rivaldo Leite
Rivaldo Leite

Presidente do Sindseg SP

Um setor essencial na pandemia

Presidente do Sindseg SP, Rivaldo Leite fala sobre a importância do setor para a sociedade
07/08/2020

O setor segurador tem como uma de suas principais características a capacidade de adaptação a novas tendências e mudanças de comportamentos da sociedade e da economia. Novos produtos e serviços são desenvolvidos com celeridade para atender às novas necessidades da população e das empresas, de forma a permitir que contem com as proteções necessárias. Com a pandemia do novo coronavírus, isso não foi diferente. Em um momento em que os brasileiros, assim como a maior parte do planeta, foram obrigados a permanecerem em seus lares para o enfrentamento da crise sanitária causada pela Covid-19, a indústria dos seguros desenvolveu alternativas para que o isolamento social fosse cumprido com o máximo de segurança possível.

Com o trabalho em home office transformando-se no “novo normal”, as seguradoras fizeram, primeiramente, uma importante lição de casa. Apressaram-se em colocar quase 100% de sua força de trabalho atuando remotamente, a partir de suas casas, medida essencial para garantir a saúde dos colaboradores e corretores. Essa transformação radical foi levada a cabo sem prejuízo da qualidade do atendimento aos clientes. Com os colaboradores seguros em casa, as seguradoras passaram a se ocupar do desenvolvimento de soluções para os clientes, cujas prioridades se alteraram substancialmente, no cenário desenhado pela pandemia.

A pandemia levou as seguradoras a adotarem outra iniciativa importantíssima, essa voltada para o consumidor. As companhias reviram cláusulas que consideravam pandemias como riscos excludentes e passaram a cobrir também mortes causadas pelo coronavírus, mantendo o compromisso com a proteção de seus clientes.

 O isolamento social alterou, de forma significativa, a escala de prioridades da população em relação aos seguros. Com as pessoas trabalhando em casa, os automóveis parados nas garagens e as atividades das montadoras reduzidas drasticamente, a demanda pelo seguro auto apresentou redução significativa. O movimento foi compensado por uma redução também significativa da sinistralidade. O desemprego, que cresceu também sob o efeito da pandemia no comércio e na indústria, também afetou produtos como os planos de saúde. Os contratos de fiança locatícia, em meio a dificuldades de inquilinos honrarem os aluguéis, apresentaram um salto de despesas. A demanda por seguros de viagens despencou, acompanhando o triste desempenho do turismo, com as pessoas impedidas de viajarem pelo temor do contágio.

Na outra ponta, porém, a pandemia originou novas tendências e comportamentos que proporcionaram oportunidades para a indústria seguradora. Ao colocar sob risco a saúde das pessoas, a crise sanitária provocou um aumento significativo da conscientização em relação à importância do seguro de vida, o que se refletiu na demanda. Essa conscientização, acreditam especialistas, deverá ser capaz de sobreviver à emergência criada pela pandemia e proporcionar novos horizontes para esse produto. Mas até mesmo dentro dessa tendência houve mudanças, ensejadas pelo isolamento social: as novas condições de vida e trabalho em regime de quarentena levaram as seguradoras a modificarem a forma de precificação das apólices. Coberturas temporárias também passaram a ser consideradas para os seguros de vida como parte desse processo. 

No cotidiano do isolamento em casa, outras possibilidades foram detectadas pela indústria seguradora, que rapidamente ampliou o seu leque de produtos. Coberturas extras foram incluídas nos contratos de seguros residenciais, por exemplo, considerando que as pessoas agora permanecem quase em tempo integral em suas casas e até mesmo essa condição implica riscos. Houve o caso de companhias que desenvolveram coberturas específicas, como responsabilidade civil familiar, que contribui para que as famílias possam se precaverem ao proteger o proprietário do imóvel em casos de danos a terceiros. Também foram desenvolvidos produtos específicos para a cobertura de acidentes envolvendo idosos em situação de isolamento.

Os serviços associados aos seguros também passaram a refletir essa tendência. No seguro auto e residencial, várias companhias adotaram as inspeções remotas, realizadas pelos próprios segurados com o uso do celular. Essa mudança assegurou ao cliente a possibilidade de se manter seguro, evitando contatos ou o acesso de terceiros à sua residência. A prática se revelou benéfica para as companhias também, conferindo grande agilidade aos processos. Serviços de telemedicina e outras facilidades para os clientes também passaram a contar no cardápio das companhias.

Há uma gama enorme de produtos, concebidos no calor dos acontecimentos e sob uma situação totalmente inusitada e imprevista como a pandemia que atingiu o planeta. A pandemia, na prática, serviu para apressar processos que já estavam no radar das companhias, mas que ainda não haviam encontrado uma janela de oportunidade para serem efetivas. Isso ocorreu, por exemplo, com o atendimento por meio de canais digitais e com a inserção de produtos intermitentes. O isolamento social deverá manter também aquecido o interesse das pessoas por poupar, elevando o grau de interesse por produtos de previdência.

Para a indústria seguradora, a pandemia já resultou em importantes lições, que deverão marcar os rumos do setor daqui por diante. Também há constatações importantes. Mais uma vez se comprovou a resiliência do setor e sua capacidade de inovar e de se adaptar a mudanças drásticas como as que vêm ditando os rumos da humanidade nos últimos meses.  A indústria seguradora também têm consciência da importância do seu papel para que, vez que as pessoas tiveram de permanecer em casa devido às contingências dessa crise, que elas permanecessem em segurança e bem assistidas.