
Diretor de Marketing da Mongeral Aegon
O futuro do mercado de seguro de vida no Brasil
Questões como aumento da longevidade da população brasileira e novas tecnologias estão no radar das empresas para acompanharem as transformações desse segmentoComo uma maior longevidade da população brasileira deverá influenciar o
seguro de vida no país?
A longevidade é um tema
transversal a toda sociedade, independentemente da idade dos indivíduos, e a
todos os mercados. É um fato que estamos vivendo cada vez mais. Nos últimos 35
anos, a esperança de vida ao nascer aumentou 12,8 anos, chegando a 75,4 anos em
2015. A longevidade não é uma questão de futuro, e sim de presente. O mercado
de seguro de pessoas no Brasil já está sendo muito impactado pela longevidade.
As seguradoras têm o desafio atual de desenvolver soluções compatíveis com esta
realidade. Outra questão do setor é desenvolver instrumentos para fazer uma
precificação cada vez mais compatível com as novas realidades do conhecimento
que começam a chegar à vida cotidiana.
Que mudanças o desenvolvimento tecnológico deverá proporcionar a esse segmento?
Certamente as inovações
tecnológicas vão impactar fortemente o segmento de seguro de vida. Na Mongeral
Aegon já estamos com uma série de frentes. Uma delas é o Insurtech Innovation Program, em parceria com a PUC-Rio e com o IRB
Brasil RE, na qual mais de 20 pessoas trabalham com um único objetivo:
desenvolver soluções práticas que resolvam problemas de algumas empresas ao
mesmo tempo em que aprendem. Estamos também realizando testes avançados com machine learning para o processamento do
pagamento de benefícios. Isto nos permite reduzir ainda mais o seu tempo de
pagamento para segurados e beneficiários.
Estamos também estudando a
crescente evolução da medicina genética e como ela poderá impactar o dia a dia
das seguradoras. Este ramo da medicina está contribuindo cada vez mais para o
diagnóstico e tratamento precoce de doenças, o que trará enormes oportunidades
e desafios para a nossa indústria.
Qual é o potencial desse mercado específico para o médio e curto prazos?
O segmento de seguro de vida
no Brasil tem oportunidades pela frente. Posso elencar três questões. A
primeira delas é a longevidade. As pessoas estão vivendo mais e precisam se
preparar financeiramente para esta realidade. A segunda razão pela qual entendo que o
potencial deste mercado é elevado diz respeito ao mercado. Estima-se que apenas
4% dos lares brasileiros tenham seguro de vida. Quando olhamos para países
desenvolvidos, como os Estados Unidos, este número salta para algo em torno de
70%. Um terceiro ponto é relacionado à cultura. A crise econômica e a proposta
de reforma da previdência pública mostraram ao brasileiro a necessidade que
cada indivíduo tem de assumir as rédeas do próprio futuro financeiro. Quando
observamos esta questão, percebemos que ela não se limita à aposentadoria ou
previdência, e sim ao conceito amplo de ser previdente. Isto quer dizer que é
necessário pensar em soluções para todas as fases e necessidades de proteção ao
longo da vida. Neste ponto, o mercado de seguro de pessoas tem papel
fundamental.
Quais são os desafios que esse segmento enfrentará nos próximos anos?
Dentre os desafios que enxergo
para o segmento destaco o desenvolvimento de produtos e soluções cada vez mais
modernas e adequadas às necessidades da população brasileira. Neste âmbito, é
importante o diálogo cada vez mais próximo de todas as seguradoras com a SUSEP,
com o objetivo de desenvolver inovações para este mercado. Outro ponto é que os
produtos acompanhem não apenas a longevidade, mas a volatilidade econômica
comum no mercado brasileiro. O que não faltam são desafios e oportunidades.