
Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
AUMENTA A EXPECTATIVA DE VIDA DO BRASILEIRO
De acordo com dados recentemente publicados, a expectativa de vida do brasileiro aumentou. 17 de Novembro de 2023De acordo com dados recentemente publicados, a expectativa de vida do
brasileiro aumentou. Se compararmos com a década de 1940, praticamente dobrou e
isto atesta uma significativa melhora nas condições de vida da população.
O fenômeno é mundial. No Japão, a média já ultrapassou os oitenta anos e,
nos países mais ricos, vai-se aproximando dessa marca. Na base do salto está o
que aconteceu a partir da Segunda Guerra Mundial. A guerra deflagrou um
processo de pesquisa inédito, que levou ao desenvolvimento de novas drogas, que
atacaram eficientemente uma série de doenças endêmicas espalhadas ao redor do
planeta. No campo das vacinas, o progresso foi tão impressionante que doenças
como o sarampo e a paralisia infantil, que até a década de 1940 eram problemas
agudos de saúde pública, praticamente desapareceram.
Mas as pesquisas foram mais longe e atualmente os exames preventivos e as
novas técnicas cirúrgicas estão domando doenças até pouco tempo fatais, como as
doenças cardíacas, os acidentes vasculares e diversos tipos de câncer.
O resultado beneficia toda a humanidade e os brasileiros estão
aproveitando a onda para viverem mais e com melhor qualidade de vida. O
problema é que esta sobrevida impacta negativamente as contas do governo e
atinge também a atividade privada, notadamente os seguros de pessoas e os
planos de saúde privados.
A previdência social brasileira está calcada num desenho no qual os mais
jovens pagam os mais velhos. Como não há poupança embasando o sistema, é a
contribuição dos mais moços que custeia a aposentadoria dos mais idosos. Quer
dizer, a contribuição social paga pelos que estão trabalhando com carteira
assinada é usada para bancar a aposentadoria dos que param de trabalhar.
E aí surge um problema grave. Está acontecendo a inversão da pirâmide. A
população está envelhecendo e isto reduz o número de jovens e aumenta o número
dos mais velhos. Como se não bastasse, o número de pessoas com carteira
assinada também está diminuindo, em função das tipicidades econômicas do país.
Vale dizer, tem menos dinheiro para pagar mais gente, o que fará o sistema ser
insustentável em algum momento não muito distante.
Na saúde pública, o quadro não é mais animador. O envelhecimento da
população implica em custos mais altos para garantir a qualidade de vida das
pessoas.
A atividade privada também é afetada por esta realidade. É verdade que o
seguro de vida em grupo terá contribuição por mais tempo, sem ter desembolsos
extras, além das garantias básicas. Mas os planos de previdência complementar
terão um período mais longo de pagamento dos benefícios, sem que tenham um
período mais longo de contribuição. E o envelhecimento afeta também os planos
de saúde privados, que terão desembolsos maiores com o atendimento aos mais
velhos.
O outro lado da moeda não é mais alegre. Ao se aposentarem, grande parte
dos trabalhadores brasileiros perde seus seguros de vida e seus planos de saúde
privados e, daí pra frente, com a diminuição da renda, eles não têm como seguir
bancando esses produtos. O resultado é o aumento da pressão sobre o sistema
público.