
Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
SEGURO E CARNAVAL
Há quatro mil anos operações semelhantes ao seguro moderno protegem as sociedades e a atividade humana. 28 de Fevereiro de 2025Há quatro mil anos operações semelhantes ao seguro moderno protegem as
sociedades e a atividade humana. De acordo com os documentos mais antigos
(tábuas de escrita cuneiforme encontradas na antiga Caldeia), a primeira ideia
de proteção surgiu da necessidade de minimizar as perdas dos integrantes das
caravanas que varavam a região para negociar em locais distantes de suas bases.
Basicamente, a operação consistia na soma dos prejuízos da viagem e seu rateio
proporcional entre os integrantes da caravana. Uma comparação com os seguros
modernos mostrará que o princípio entre as duas operações é o mesmo. A divisão
das perdas de um grupo de forma proporcional a participação de cada um. No
seguro moderno, além da repartição simples das perdas, há também o pagamento do
valor necessário para a constituição de um fundo de onde serão sacados os
recursos necessários para pagar as indenizações dos segurados vítimas de
eventos cobertos.
Essencialmente, a diferença entre o primeiro seguro e o seguro mais
moderno é apenas a forma como os contratos são formulados, com a sofisticação
atual reduzindo os produtos mais antigos a algo simples, mas da mesma forma
eficiente. E esta eficiência deve ter como fim a proteção do indivíduo, ou seja,
é o célebre “um por todos, todos por um” dos “Três Mosqueteiros”. A soma das
contribuições individuais proporcional ao risco de cada um garante os recursos
necessários para fazer frente as perdas que atingem alguns dos participantes do
grupo. É o mutualismo a serviço da proteção social.
Proteção que ganha relevância em feriados prolongados, ainda mais com as
características do carnaval. Carnaval é a liberdade levada a um patamar acima
da rotina social. Durante a folia os nós são afrouxados e a liberdade adquirida
permite ousadias que não fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas. Tanto
faz, no carnaval pode...quase tudo, desde que não se perca de vista que há
limites que não podem ser ultrapassados, mesmo em quadra de estrema liberdade,
ou franca libertinagem.
Essa é a marca registrada do carnaval. É ela que baliza o ritmo da festa
e o comportamento das pessoas. Naturalmente, por conta da bagunça, o consumo de
álcool e outras substâncias cresce e isso reduz a capacidade de controle de
cada um. E mesmo que o cidadão não tenha bebido, o clima em volta aumenta a
sensação de liberdade e diminui o autocontrole, dando chance ao azar e a
possibilidade da ocorrência de um número maior de acidentes de todos os tipos.
É aí que o seguro entra nessa história e traz para a rotina dos dias de
carnaval a segurança de uma garantia que, se não tem o dom de evitar o
acidente, tem pelo menos as condições necessárias a minimizar as perdas
decorrentes. O pagamento da indenização faz a diferença e protege a vítima do
infortúnio, garantindo a ela o atendimento médico-hospitalar, o conserto do
carro, o dano a terceiro, etc.
As seguradoras sabem que nestes dias a sinistralidade sobe, mas não é
suficiente para desequilibrar sua operação. Ao contrário, é comum ver veículos
e colaboradores das seguradoras operando nos locais de maior risco de acidente.
Em outras palavras, pode se dizer que o seguro é o melhor amigo do
folião.