
Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
SEGURO E SEGURANÇA PÚBLICA
Outro dia eu ouvi de uma fonte confiável que, para garantir a segurança de uma vasta área localizada no Butantã, a Companhia da Polícia Militar encarregada do pedaço tem cinco viaturas. 10 de Novembro de 2023Outro dia eu ouvi de uma fonte confiável que, para garantir a segurança
de uma vasta área localizada no Butantã, a Companhia da Polícia Militar
encarregada do pedaço tem cinco viaturas. Não é difícil entender por que os
assaltos a residências estão em alta no Butantã. Não tem como a polícia com
cinco viaturas ser eficiente na ronda de uma área que vai da Marginal do
Pinheiros ao Jardim Guedala e, para o outro lado, abarca o Parque dos
Príncipes. Se as viaturas voassem e fugissem do trânsito elas não fariam
melhor, é humanamente impossível.
Ainda que a polícia paulista implementasse o mais eficiente sistema de
inteligência operacional do mundo, equipada desse jeito, ela deixaria
permanentemente uma grande região desprotegida. Por conta do subdimensionamento,
o resultado seria a lentidão e se se movesse para atender uma ocorrência, muito
antes dela chegar, os assaltantes já teriam comunicado aos comparsas que era
hora de cair fora da cena do crime.
Mas não é só o Butantã e seu entorno que passa esse tipo de perrengue. Os
moradores do Brooklin estão preocupados com o aumento dos assaltos de todos os
tipos, desde o furto de rodas de automóveis estacionados nas ruas até o assalto
a residências. E a situação se repete nos Jardins e nos bairros da Zona Leste e
da Zona Norte. É só ligar a TV no horário de um noticiário local para não se
ter dúvida que a população vive um momento de insegurança, agravado pelos
roubos de celulares, invariavelmente praticados com violência contra as
vítimas.
A Secretaria de Segurança Pública tem apresentado estatísticas com a
queda constante dos números de boa parte dessas ocorrências. Não duvido nem um
minuto da correção das informações, nem da boa-fé da Secretaria ou da
competência da polícia. O problema é que a população se sente desprotegida e
isso derruba a confiança nas autoridades. Como se não bastasse o serviço
“Disque Denúncia” está ameaçado de acabar. Pode parecer incrível, mas falta
sensibilidade ao governo estadual para seguir bancando uma das mais eficientes
armas de combate ao crime em São Paulo.
De outro lado, não é raro a Justiça soltar bandidos que, tão logo
retornam às ruas, recomeçam a praticar os mesmos crimes que os levaram a ser
presos, o que evidentemente desmotiva o policial que compara a sua ação, muitas
vezes com risco da própria vida, com a inútil tentativa de secar gelo com pano
de prato.
O resultado do quadro é que São Paulo parece uma praça de guerra montada para
impedir a entrada dos bárbaros mais selvagens, como se fosse Roma às vésperas
do ataque de Átila, o Huno. Muros altos, grades, cercas elétricas, cercas de
ferro, arame farpado, cacos de vidro, carros de ronda, guaritas, vale tudo na tentativa
de se defender e a criatividade do morador é infinita.
O Brasil não é pródigo na contratação de seguros residenciais, o que
diminui o valor das indenizações pagas pelas seguradoras. Mas parte dos imóveis
é segurada e é justamente ela que é visada pelos bandidos.
Contra fatos não há argumentos. É o caso do preço dos seguros
residenciais com garantia para roubo e furto. Como as seguradoras estão pagando
mais indenizações, a única forma delas compensarem a piora de seus resultados é
o aumento do preço dos seguros, ou mesmo a não aceitação do risco.