
Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
DE NOVO O CLIMA
Em pleno inverno, quando as temperaturas, pelo menos no sul e no sudeste deveriam estar mais baixas, vivemos dias com a temperatura se aproximando dos 40 graus célsius em várias partes do país. 25 de Agosto de 2023Em pleno inverno, quando as temperaturas, pelo menos no sul e no sudeste
deveriam estar mais baixas, vivemos dias com a temperatura se aproximando dos
40 graus célsius em várias partes do país.
Esta semana as temperaturas atingiram patamares elevados para a época do
ano em vasta área do território nacional. E para agravar o quadro a umidade
relativa do ar atingiu níveis próximos aos de um deserto, especialmente nos estados
centrais. A razão para isso é uma longa estiagem que tem Brasília como bom
exemplo, lá não chove em níveis mínimos há mais de dois meses.
É um quadro complicado que tende a ficar mais complexo nos próximos meses
quando o clima muda e as tempestades devem voltar ao longo dos meses de verão, nos
quais o Brasil é assolado por intensos eventos que causam danos de todos os
tipos, desde chuva, até ventanias, tornados e ciclones.
Estamos vivendo o velho ditado que diz que “se ficar o bicho come, se
correr o bicho pega”. O presente é preocupante e o futuro também. Os custos
diretos e indiretos da dança do clima já estão altos e irão aumentar, com
impacto direto na vida das pessoas, nos custos do SUS, na previdência social e
no desempenho da sociedade.
Operacionalmente para as seguradoras, este quadro não tem forte impacto
nos resultados. Os seguros para estes riscos são pouco contratados.
Só que nem todas as indenizações são decorrentes dos grandes cataclismas.
Uma parte é gerada pela rotina, pelo dia a dia das pessoas, e, neste momento, se
reflete no aumento das doenças respiratórias, no aumento de infartos
decorrentes do esforço extremo por causa do calor, em doenças de pele, de
olhos, etc., para ficar apenas nos planos de saúde privados.
Alargando o espectro, a estiagem com calor extremo significa o aumento
dos incêndios florestais, a sobrecarga do sistema elétrico, a redução dos
volumes de água nos reservatórios, danos aos rebanhos e as lavouras, etc.
Como em breve entra em cena a temporada das tempestades de verão que
assolam uma grande parte do país, enquanto na outra o cenário seco segue firme,
os prejuízos de forma geral, devem aumentar e, mais uma vez é importante
ressaltar, a maior parte dos danos não terá qualquer indenização de seguro e a
conta recairá sobre o governo, quer dizer, sobre a sociedade.
É um quadro conhecido e que tem o grande exemplo nos eventos dramáticos
que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro mais de uma década atrás. Até
hoje o poder público não ressarciu todos os prejuízos, nem reconstruiu várias áreas
atingidas.
De outro lado, no último verão as chuvas devastaram um trecho do litoral
norte paulista. O governo estadual tomou medidas para minimizar os danos e
proteger a população, mas, se outra tempestade da magnitude da do ano passado
se abater sobre Ubatuba, São Sebastião, Bertioga e região, os estragos serão novamente
dramáticos. E mais uma vez, em função da realidade social local, as seguradoras
serão pouco afetadas pelos prejuízos de milhares de pessoas.