Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
ÉTICA FAZ PARTE DO NEGÓCIO
A sociedade não se mantém se não tiver padrões éticos e morais sobre os quais construir sua base. 30 de Junho de 2023A sociedade não se mantém se não tiver padrões éticos e morais sobre os
quais construir sua base. Muito embora ética e moral cheguem a ser confundidas,
não são exatamente a mesma coisa, o que faz com que a “dança” da sociedade seja
única em cada nação ou mesmo numa determinada região.
O mundo passa por um momento de esgarçamento dos padrões morais vigentes
nos últimos cento e cinquenta anos. Pilares tidos como indestrutíveis tremem em
seus alicerces, enquanto a rapidez das mudanças sociais decorrentes do uso cada
vez mais intenso da internet assusta e, ao mesmo tempo, impede o surgimento ou
a revisão dos parâmetros que valiam até ontem, mas que não valem mais hoje e
estarão velhos amanhã.
Sem entrar na discussão de ser bom ou não ser bom, até porque ela é inútil
diante da realidade de uma sociedade em mutação acelerada, cujos padrões
éticos, na cola do esgarçamento da moral, também começam a não ter sentido.
Os rijos cânones vitorianos que começaram a ser atacados depois de meados
da década de 1950 foram derrubados, mas ainda não foram substituídos. Então, o
que temos hoje é um “vale tudo” que permeia a sociedade, a família, os negócios
e as relações humanas. Quem sabe o que é certo? Quem sabe o que é errado? Até
que ponto a liberdade individual pode justificar tudo, ao mesmo tempo que o
direito à privacidade desaparece, devorado pelas redes sociais?
Há uma interrelação cada vez maior entre negócios honestos e negócios não
tão honestos. O dinheiro se transformou no padrão de avaliação do sucesso. Mas
o dinheiro não é um fim, é um meio para se chegar a vários fins e as formas de
ganhá-lo estão bastante elásticas, ultrapassando a linha do ilegal - compensa
correr o risco, desde que não se seja descoberto. E mesmo que o seja, as
consequências podem ser bastante minoradas com a contratação de bons advogados.
É aqui que cabe fazer uma ressalva importante para avaliar procedimentos
empresariais nos dias que correm. Ainda que o mundo seja massacrado por
discursos bombásticos, dando conta de como o respeito aos padrões morais é cada
vez mais a base do comportamento de grandes conglomerados, na realidade o que
se vê é um jogo pesado, onde levar vantagem praticamente a qualquer preço
passou a ser sinônimo de sucesso. Nesse ambiente, encontrar empresas que não
respeitam os padrões éticos fundamentais para o funcionamento adequado e
honesto da sociedade é cada vez mais comum. É só prestar atenção na quantidade
de processos, acordos e pagamentos de multas bilionárias envolvendo corporações
de todos os setores para não se ter dúvida.
Entre as atividades que seguem a cartilha do bom funcionamento, o mercado
segurador aparece com destaque. Não há grandes problemas manchando a atividade
internacionalmente e não há nenhuma marola, por menor que seja, afetando a
imagem do seguro no Brasil. Ao contrário, o crescimento acima da média nacional
de uma atividade que depende inteiramente da confiança e da boa fé das partes
reforça a certeza de que o setor segue funcionando dentro de padrões éticos
sólidos, que garantem a sua operacionalidade e o cumprimento das obrigações
contratuais, expressas em conceitos previstos em contratos de realização
futura, que são honrados em mais de 96% dos casos.