Antonio Penteado Mendonça
Antonio Penteado Mendonça

Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras

QUARENTA DIAS SEM DIRETORIA

No dia seguinte à posse, o novo governo exonerou mais de mil e quatrocentos funcionários, ocupantes de cargos chaves nos mais variados órgãos da administração federal. 17 de Fevereiro de 2023

No dia seguinte à posse, o novo governo exonerou mais de mil e quatrocentos funcionários, ocupantes de cargos chaves nos mais variados órgãos da administração federal. Entre eles foram exonerados o Superintendente e toda a diretoria da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). Ao perceber que a autarquia ficaria acéfala, o governo renomeou um dos exonerados, indicando-o para Superintendente Interino. Desde então, o barco navega nessa toada, sem mar bravo, mas sem a tripulação completa. E isso é arriscado.

O problema não está na gestão do Superintendente Interino. Ao contrário, ele está se saindo muito bem, dando conta do recado e administrando a SUSEP com competência e habilidade, tanto que até agora não surgiu nenhum problema ou um mero ruído na gestão do órgão.

Funcionário de carreira, com mais de 20 anos de estrada, Carlos Queiroz é formado em economia e direito e conhece os meandros da autarquia e as manias do mercado. Com seu currículo consistente e a prática que o último ano como diretor lhe deu, vai se saindo bem, fazendo sua parte com a competência necessária para evitar alguma mudança de rumo súbita ou algum problema capaz de afetar o setor de seguros.

Sob sua batuta a SUSEP segue tocando os projetos anteriormente aprovados e com as rotinas necessárias para permitir que o setor funcione regularmente, sem surpresas ou sobressaltos.

Então, a razão do artigo não é a crítica ao que está sendo feito. Não, não é por aí. O que o artigo cobra é velocidade do governo para indicar o novo Superintendente e a sua diretoria para que a SUSEP possa atuar de forma colegiada, com o vigor necessário para enfrentar os desafios que estão à sua frente e que não são poucos, nem pequenos. Afinal, são mais de quarenta dias no limbo.

O setor de seguros brasileiro tem como principal desafio aumentar a capilaridade de seus produtos na sociedade. A penetração atualmente é pequena e isso precisa ser atacado, começando pela criação de novas apólices, mais afinadas com a realidade nacional, e produtos para segmentos que atualmente não são atendidos. Além disso, é fundamental que o setor e o que ele faz sejam mais conhecidos pela sociedade.

Para que isso possa acontecer, mantendo a velocidade e o vigor necessários, é indispensável que a SUSEP esteja aparelhada para fazer sua parte como xerife do mercado.

Ninguém discute, política é o nome do jogo em Brasília e a SUSEP é uma carta importante na mão do governo para negociar posições e apoios que lhe são indispensáveis. Todavia, o setor de seguros fatura quase meio trilhão de reais por ano e tem reservas de mais de um trilhão e meio de reais, grande parte delas investida em títulos públicos federais.

Não tem cabimento uma atividade com essa relevância, em nome da política, ter seu ritmo de desenvolvimento desnecessariamente reduzido. É mais do que hora do governo nomear a nova diretoria da autarquia. Só com ela empossada e atuante os desafios serão efetivamente enfrentados pelos demais players do setor.