
Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
VIOLÊNCIA E SEGURO
O mundo atravessa uma quadra muito especial, para não dizer estranha. 29 de Julho de 2022O mundo atravessa uma quadra muito especial, para não dizer estranha. O
aumento da violência é uma realidade palpável e pode ser medida no aumento da
frequência e intensidade dos fenômenos naturais, bem como na explosão de ações
humanas de uma agressividade inaudita, nos mais variados campos das relações
sociais.
É isso mesmo. A violência está solta, mas não é apenas humana. A natureza
é muito mais destrutiva e ataca em todas as regiões do planeta com a sem
cerimônia de quem sabe que é incontrolável. Este é o primeiro ponto: a natureza
tem se manifestado cada vez com mais força, muitas vezes através de eventos
inéditos na região atingida.
Começando pelos incêndios que destroem a Europa e os Estados Unidos,
seguindo pelos incêndios que comem solto no Brasil, para chegar nas quase duas
mil mortes por calor na Europa e daí entrar de cabeça na série de eventos
decorrentes das mudanças climáticas – furacões, tempestades, tufões, granizos,
nevascas, calor extremo, frio extremo, seca etc. – não há como não se preocupar
com o que vem pela frente, em intervalos cada vez mais curtos, em todas as
partes do planeta.
Mas se a violência da natureza atinge picos inéditos nos últimos dez mil
anos, a violência humana não fica atrás. A guerra da Ucrânia chama mais a
atenção porque é um conflito armado de grandes proporções, onde intenções pouco
claras das partes direta e indiretamente envolvidas complicam mais as coisas,
impedindo a correta compreensão do que realmente acontece, não apenas no campo
de batalha, mas especialmente nas discussões fora das vistas, onde o poder
mundial vai sendo discutido e reorganizado.
A quantidade de ataques com armas de fogo contra a população nos Estados
Unidos explodiu. O que acontecia uma vez a cada dez anos, se transformou em
realidade cotidiana, sendo rara a semana em que alguém não atira e mata dezenas
de pessoas. E a Europa, pouco habituada com este tipo de violência, também
entrou na dança. Até países como a Dinamarca e a Noruega experimentam a nova
realidade completamente desconhecida.
Não são apenas os ataques com armas que assustam. O número de acidentes
de trânsito com vítimas é um sinal do grau de violência e irritabilidade que
contamina as pessoas. E as brigas pelos motivos mais fúteis não ficam atrás. Se
sucedem em todas as partes, inclusive nas ditas civilizadas.
O Brasil não é exceção à regra, nem nos casos de aumento da violência dos
eventos naturais, nem nos eventos de origem humana. A seca que castiga o sudeste
e o número estarrecedor de um carro roubado ou furtado a cada seis minutos em
São Paulo são mais do que suficientes para não deixar dúvidas.
Entre as muitas consequências negativas geradas por esse cenário está o
impacto no resultado das seguradoras. O aumento dos eventos significa o aumento
das indenizações e elas atingem todas as carteiras de seguros. Tanto faz sua
origem, o aumento das mortes afeta os seguros de pessoas. O aumento das perdas de
bens atinge as carteiras de seguros patrimoniais. E, no total, o resultado das
companhias de seguros piora. Quem vai pagar a conta é o segurado. Seus seguros
custarão mais caros.