Lucro das seguradoras avança e alcança R$ 7,3 bilhões no 1º trimestre
As projeções da CNseg indicam um crescimento de 12% para o setor em 2024. Perdas no Sul serão contabilizadas durante o ano
Sonho Seguro - 23 de Maio de 2024As seguradoras reportaram à Susep (Superintendência de Seguros Privados) lucro de R$ 7,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano, avanço sobre os R$ 6,4 bilhões registrados em mesmo período de 2023. O avanço dcontribui como um colchão para as perdas estimadas com o pagamento das indenizações em curso com a tragédia do Rio Grande do Sul. Segundo informou Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, em evento do Itaú Asset nesta quarta-feira, 22, a entidade está perto de finalizar um levantamento preliminar sobre os impactos no Sul para o setor de seguros. Números devem ser divulgados até o fim da semana. Porém, o presidente da CNseg afirmou que, apesar de significativos, os dados revelam um quadro de coberturas limitadas em comparação aos potenciais danos na região.
Executivos envolvidos com resseguros afirmam que a conta
será alta para o setor, porém pequena diante da perda econômica. “É muito
prematuro falarmos sobre o total de perdas no Rio Grande do Sul, mas a previsão
de recuperação econômica do estado deve ser em torno de R$ 90 bilhões e,
aproximadamente, R$ 9 bilhões e R$ 15 bilhões arcados pelo mercado segurador”,
projeta Luiz Araripe, Country Manager da Gallagher Brasil e CEO Gallagher Re.
Alfredo Chaia, gestor de risco da Veritas Risk, explica que
o georreferenciamento de área atingidas, inclusive cotas de alagamento, a
condição (a partir do acesso às locais segurados) para criar as evidencias de
danos materiais diretos permitirá formular e regular as reclamações de sinistro
– nos termos e coberturas das apólices. “Mas é razoável vislumbrar grande
margem de perdas não seguradas; sejam por insuficiência de valor em risco,
coberturas contratadas, limites e franquias, e ainda as muitas exposições a
danos que não foram incluídas nas apólices, como lucro cessante para citar o
mais trivial. Os prejuízos não segurados serão muito maiores”, aposta.
A Fitch divulgou que os efeitos da tragédia climática no Rio
Grande do Sul nas notas de crédito de empresas de infraestrutura são diversos e
dependerão do prazo e dos custos para reestabelecer as operações, bem como da
liquidez e da estrutura da dívida de cada uma, com algumas geradoras de energia
colocadas em observação negativa, diz a Fitch Ratings. “Ressaltamos que todos
os projetos possuem seguro, mas os recursos podem não ser desembolsados a tempo
para apoiar as obrigações financeiras e assim não considera as expectativas de
pagamento de sinistros em seus cenários”.
Araripe comenta que o tempo de indenização depende da linha
de negócio e o tipo de cobertura contratada. “Ramos como automóvel, que é muito
mais binário, eu acho que vai ser muito mais fácil apurar a perda e o eventual
pagamento. É a cobertura simples de alagamento em riscos empresariais que têm
mais detalhes para a regulação das perdas, especialmente as que envolverem
lucros cessantes. Essa sim vai demorar porque tem toda uma questão de impacto,
de logística, de escoamento de produção”.
Para Leo Dale, CEO da Oneglobal Broking, um grande desafio é
a exclusão padrão para alagamento nas apólices da região do Rio Grande do Sul,
mesmo em apólices de risco operacional. “Muitos clientes optam por não
contratar pelo alto valor da cobertura. E mesmo assim, a cobertura de lucro
cessante padrão é decorrente da cobertura básica (incêndio) e não das demais
coberturas como alagamento”, explica.
Segundo Rogério Cervi, da REP Corretora, de Nova Hamburgo
(RS), as águas estão baixando, os danos estão sendo avaliados, e qualquer valor
de perdas e necessidades para reconstrução é ainda especulação. “As seguradoras
e resseguradoras estão agindo da melhor forma possível, emitindo relatórios
(onde é possível) muito rápido. Recebemos ligações do pessoal de todos os
níveis das seguradoras e todos estão empenhados ao máximo em pagar as
indenizações”, afirmou.
Ele informa que na área de varejo, há uma ação gigante das
seguradoras para pagar as indenizações, inclusive com carros submersos. “A
única dificuldade é a transferência dos ativos, devido ao precário
funcionamento dos cartórios, perda de documentos, etc. Mesmo assim, algumas
estão buscando acelerar as indenizações. Isto é magnífico”, cita.
Todos concordam que a cultura de seguros é um problema
generalizado do mercado, não só dos clientes/consumidores. “Como citou o Leo
Dale, as coberturas desejadas, muitas vezes não estão disponíveis aos
consumidores, por diversos fatores. Não vende porque não tem massa, não tem
massa porque não vende. Precisamos aprender e saber precificar estes riscos,
assim como furacões nos Estados Unidos e terremotos no Japão. E mesmo assim
muitas residências na Flórida não conseguem mais comprar seguros. O problema nem
é a precificação e sim a judicialização dos sinistros, com o judiciário de lá
obrigando as seguradoras a pagar aquilo que não está precificado e nem
constando no contrato”, acrescenta Cervi.
Nas projeções da CNseg, o setor de seguros vai crescer 12%
neste ano, sem considerar a saúde suplementar, afirmou Oliveira. Segundo o
dirigente, se for considerada a saúde suplementar, a indústria vai crescer
menos frente a 2023, com avanço de 11% em termos de arrecadação. O segmento
auto vai ter expansão de 13% em 2024 e o garantia de 22% no ano.
SindsegSP TV
