Cobertura de seguro rural diminui no Brasil, na contramão de concorrentes
Em tempos de extremos climáticos que afetam a produção, área segurada no país caiu quase 53% desde 2020
Valor Econômico - 30 de Janeiro de 2024As mudanças climáticas são uma realidade e seus efeitos têm trazido cada vez mais riscos à produção agrícola. No entanto, a proteção das lavouras por meio do seguro rural não tem aumentado no Brasil. Pelo contrário, a área segurada por aqui recua, enquanto outros grandes países produtores, concorrentes do Brasil no mercado internacional, elevam a cobertura de seguro rural.
Dados compilados pela consultoria Agroícone para o Valor
mostram que a área segurada brasileira caiu 52,86% em três anos, e terminou
2023 em 6,25 milhões de hectares. Em 2020, eram 13,26 milhões. Nos Estados
Unidos, a área coberta saiu de 160,89 milhões de hectares em 2020, para mais de
210 milhões no ano passado.
Na Argentina e na Índia, as áreas seguradas também superam
com folga a do Brasil. Em 2022, por exemplo, 21,22 milhões de hectares
argentinos estavam segurados, assim como 22,16 milhões na Índia.
Os números consideram todas as culturas agrícolas passíveis
de seguro. No Brasil, a grande parte da área coberta por seguros é de cultivo
de grãos, como milho, soja e trigo.
“Nosso máximo da série histórica foi 14 milhões de hectares,
o que significa que ainda temos um caminho grande a percorrer no Brasil”,
afirma Gustavo Dantas, pesquisador da Agroícone.
Para ele, a volatilidade dos recursos oficiais para
subvenção ao seguro rural é o grande gargalo do sistema brasileiro.
Além disso, Dantas acredita que a queda da área segurada nos
últimos anos no Brasil também foi influenciada pela seca que prejudicou as
lavouras em 2021, e em consequência, aumentou os preços das apólices. Houve
ainda alta dos custos de produção, o que diminui a capacidade de investimento.