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Mercado vê alta de seguro rural apesar de orçamento incerto

Em 2020, mais da metade dos prêmios vieram de outras categorias que não o agrícola, como seguro de benfeitorias e penhor rural

O Estado de S. Paulo - 12 de Abril de 2021

O seguro rural no Brasil deve voltar a crescer este ano, tanto na cobertura das lavouras como em outras categorias. A Brasilseg, seguradora controlada pela BB Mapfre que detém 60% do mercado, espera crescer de 9% a 15%, ante 22,7% em 2020, diz Paulo Hora, superintendente de Seguros Rurais da Brasilseg. Miguel Fonseca de Almeida, gerente de Riscos Rurais do IRB Brasil RE, maior resseguradora do País, vê aumento de 13% a 15% no mercado de seguro agrícola.

Entre as razões, ambos citam a relevância dada nos últimos anos pelo Ministério da Agricultura ao Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR), que arca com parte do custo das apólices. Em 2019, o PSR contou com R$ 440,3 milhões; em 2020 foram R$ 881 milhões e, em 2021, a pasta busca aprovar no Congresso R$ 1,06 bilhão. “Pelo que o Ministério tem feito em política agrícola, vemos que o seguro está fortalecido', diz Hora.

Almeida, do IRB, calcula que, se a Agricultura conseguir R$ 1,06 bilhão, isso geraria uma receita com apólices próxima de R$ 3,4 bilhões, ante R$ 2,9 bilhões no ano passado. O número de produtores atendidos seria menor, lembra Hora, já que os custos e os preços das commodities subiram e, com eles, o valor segurado e da apólice. Para o volume de 2022, que será anunciado no Plano Safra 2021/22, não se espera recuo. “Só temos visto apoio contínuo para aumentar o valor”, avalia Almeida.

O PSR é importante, sim, mas outros fatores nutrem o otimismo do setor de seguros. Perdas frequentes no campo decorrentes de fatores climáticos e produtos mais compatíveis com as necessidades do agro têm estimulado a contratação por produtores. Em 2020, mais da metade dos R$ 6,9 bilhões de prêmios de seguro rural vieram de outras categorias que não o agrícola, como de benfeitorias (máquinas) e penhor rural (proteção de garantias dadas em contratação de crédito).

Por isso, a Brasilseg reformatou um tipo de seguro de benfeitorias, vai expandir o pecuário, que protege contra perda de faturamento ou decorrentes de seca ou incêndio no pasto, além de ampliar a oferta de seguro agrícola de 18 para 30 culturas. O IRB está lançando um seguro paramétrico na pecuária, que remunera o produtor caso a pastagem não atinja determinado nível, de modo a cobrir gastos com complementação da dieta animal. Com ele, quer chegar a 200 mil hectares em 2021.