Rede D'Or estuda transformar SulAmérica em empresa de medicina de grupo
Outra ideia é substituir cerca de R$ 4 bilhões em ativos garantidores da SulAmérica por imóveis da D'Or
Valor Econômico - 29 de Março de 2023O grupo hospitalar realizou nesta terça-feira (28) sua
primeira teleconferência para analistas e investidores em conjunto com a
SulAmérica; fusão foi aprovada pelo Cade em dezembro
A Rede D’Or está estudando colocar alguns de seus imóveis
como ativos garantidores para a SulAmérica. Com isso, a seguradora de saúde
libera parte dos R$ 4 bilhões que, atualmente, estão bloqueados como reservas
exigidas pelos órgãos reguladores.
Além disso, o grupo hospitalar está analisando transformar a
seguradora em uma operadora de medicina de grupo, que tem uma tributação menor.
“Estamos estudando todas as possibilidades e nos próximos trimestres deveremos
ter mais novidades”, disse Paulo Moll, presidente da Rede D’Or.
A companhia realizou, ontem, sua primeira teleconferência de
resultados a analistas e investidores em conjunto com a SulAmérica -- a fusão
dos negócios foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
em dezembro.
Uma seguradora, que se enquadra como instituição financeira,
paga 40% de IR e Contribuição Social, além de IOF. Já nas medicinas de grupo, a
tributação é de 34%, uma vez que é calculada sobre o ISS. Dos R$ 335 milhões de
sinergias já anunciadas na fusão, R$ 140 milhões devem vir de estruturas
administrativas e serviços contratados, R$ 71 milhões de compras e materiais e
medicamentos e R$ 124 milhões de estruturas físicas, despesas administrativas e
outros.
O grupo hospitalar encerrou o ano passado com receita de R$
23 bilhões, crescimento de 12,8% sobre 2021. O lucro antes de juros impostos,
depreciação e amortização (Ebitda) subiu 8,3% para R$ 5,3 bilhões. O lucro
líquido caiu 24,8% para R$ 1,2 bilhão impactado pelo aumento das despesas
financeiras. Na SulAmérica, a receita líquida também subiu na casa dos 12%,
para R$ 23,6 bilhões.
No entanto, a taxa de sinistralidade disparou e atingiu
92,5% no quarto trimestre. O indicador representa uma alta de 4,1 pontos
percentuais sobre um ano antes e 5,3 pontos percentuais quando comparado ao
trimestre imediatamente anterior. “A tônica do setor neste ano é reajuste de
preço. Acredito que a sinistralidade neste ano será menor do que a registrada
no quarto trimestre”, disse Raquel Giglio, presidente da área de saúde da
SulAmérica.
A executiva destacou que os resultados das operadoras estão
sendo impactados pelo aumento de fraudes, em especial, envolvendo pedidos de
reembolso nas áreas de terapias e diagnóstico. A SulAmérica agora está exigindo
que o paciente encaminhe o comprovante de pagamento do procedimento antes de
efetuar o reembolso ao segurado.
“As terapias têm sido um vilão. Há também coleta de
diagnóstico dentro das clínicas com preços muito acima para pedidos de
reembolso. Há ainda a [fraude] clássica, de dividir o valor e pedir vários
reembolsos”, disse. Ela lembrou o caso do banco Itaú que demitiu 80
funcionários por fraude em pedidos de reembolso.