Os desafios do mercado de seguros no Brasil
Setor quer chegar a R$ 1 trilhão em prêmios e R$ 730 bilhões em indenizações. E aumentar de 6,4% para 10% em participação no PIB até 2030
InfoMoney - 28 de Março de 2023Por Denise Bueno
Chegar a R$ 1 trilhão em vendas de seguros de todos os tipos e de planos de previdência. Esse é o propósito do mercado de seguros que, em 2022, faturou R$ 356 bilhões (sem contar saúde e DPVAT). O esforço visa elevar a participação do setor de 6,4% para 10% do PIB até 2030. Já em indenizações, a perspectiva é chegar a 6,5% da riqueza nacional, ou seja, R$ 730 bilhões.
Esses dados estão no Plano de Desenvolvimento do Mercado de
Seguros (PMDS). Um plano vivo, elaborado por uma equipe diversa, composta por
todos os players. A ideia não é nova. Mas a união entre todos por um propósito
comum é. Todos estão empenhados em vender proteção. O lucro será uma
consequência da educação da sociedade sobre o gerenciamento de risco e a
proteção financeira.
E a razão é simples. Esse é um momento extraordinário para o
setor. Os riscos mudaram. Antes, o temor era ter o carro roubado. O melhor
investimento era ter um imóvel. Hoje, os jovens não querem ter carro e nem
comprar casas. Isso traz uma série de desafios para o modelo de negócios das
re/seguradoras, acostumadas a usar períodos longos de dados para subscrever um
risco. Agora, os novos riscos fazem qualquer previsão fugir dos padrões
calculados por humanos e robôs.
Vemos a mudança climática e outras distorções, como a
desigualdade social, como agravantes de uma tragédia como a do Litoral Norte de
São Paulo em fevereiro deste ano, com perdas humanas e financeiras para
indivíduos, empresas, governos e seguradoras, que se repetem ano a ano. Os
crimes cibernéticos, com suas consequências incalculáveis, colocam todos sob
pressão.
Há também o desafio da longevidade, que afeta igualmente
indivíduos, empresas, governos e seguradoras. Os desenhos populacionais do
mundo desenvolvido estão criando pressões e já vemos sinais claros de que os
progressos ao longo de décadas para garantir aos idosos uma vida melhor agora
coloca toda a sociedade sob pressão econômica e exige desde políticas sociais
parrudas até projetos corriqueiros, como a conscientização das pessoas em
cuidar do corpo, da alma e das finanças.
Quando se mexe no bolso, a mudança acontece. A perda
conscientiza todos sobre a urgência de mudanças, com aquele gosto amargo na
boca do ditado popular: prevenir é melhor do que remediar. Estudos
internacionais mostram que apenas US$ 1 é gasto em prevenção de riscos para
cada US$ 10 em reparações e coberturas, quando deveria ser o oposto.
E é isso o que propõe o PMDS, um estudo com debates
aprofundados e realistas sobre o que tem de ser feito agora. Quem imaginaria
uma pandemia de tamanhas proporções? E junto a ela, uma quebra na cadeia de
suprimentos, deixando fábricas sem peças e consumidores sem produtos? Governo
nenhum estava preparado para lidar com a inflação decorrente do lockdown. Nem com
a necessária subida da taxa de juros para controlar a alta dos preços. E como
consequência, falência de empresas, queda de arrecadação de impostos, elevação
do déficit fiscal com o aumento dos custos dos benefícios sociais.
Como vemos, o mundo está desafiador como nunca e exige de
todos nós soluções importantes. Inovar é uma ordem mundial para quem quer
crescer com lucratividade em tempos incertos. O mercado de seguros se uniu pois
sabe que é essencial para o crescimento econômico de qualquer país. Como disse
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, os mais pobres são os que mais necessitam
de proteção.
Essa é a proposta do estudo apresentado em março pela CNseg.
Não se pode somente aumentar o preço quando o cliente está com o orçamento
apertado. É preciso ganhar escala, conquistar os consumidores, fazer parcerias
com governos. Os números são apenas uma consequência da união de todos em prol
de ações para o crescimento sustentável do Brasil.