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IRB vai voltar à lucratividade em 2023, diz CEO

“A gente começou o ano com ajustes e vamos continuar acelerando essa volta à lucratividade. Queremos mostrar índices de sinistralidades menores trimestre a trimestre com uma melhora gradual e resiliente", afirma Marcos Falcão

Valor Econômico - 10 de Março de 2023

O IRB Brasil Re pode voltar à lucratividade em 2023, afirma o diretor-presidente, que também acumula o cargo de CFO, Marcos Falcão, em entrevista ao Valor. De acordo com o executivo, “nós estamos aqui para fazer a companhia voltar à lucratividade”.

Falcão explica que o processo de limpeza da carteira vai acelerar neste ano. “Tem sido um processo de limpeza. O que a gente está fazendo é aumentando a velocidade e intensidade do que começou a ser feito no ano passado, um processo de ‘reunderwriting’ [depuração de contratos]”.

O IRB apurou prejuízo líquido de R$ 630,3 milhões em 2022, queda de 7,7% comparado a 2021. No quarto trimestre do ano passado, o prejuízo alcançou R$ 38,8 milhões, com forte queda de 89,5%. Os números do período, diz a companhia, foram impactados pelo resultado negativo de subscrição, de R$ 152,8 milhões, mas compensados pelo resultado financeiro positivo, de R$ 153 milhões.

Conforme o CEO do IRB, os números do quarto trimestre mostram que o ressegurador atingiu um ponto de equilíbrio operacional, “quase um break even após ter enfrentado uma sinistralidade atípica em 2022, com a seca de grandes proporções e ainda os impactos da covid”.

De acordo com Falcão, “a seca não localizada cobriu bastante a região da soja e afetou muitas empresas do mercado e não só a gente”. O executivo pontua que os custos para o IRB dos sinistros relaciondos à catástrofe climática e à pandemia somaram cerca de R$ 1,2 bilhão no ano passado.

“Se a gente não tivesse tido essa catástrofe climática, o ano passado já teria sido um resultado bem interessante”, ressalta. O CEO afirma que o aumento de capital realizado em 2022, de R$ 1,2 bilhão, foi feito justamente devido ao impacto dos eventos atípicos que derrubaram os índices de cobertura de reservas.

“Nós chegamos no último trimestre praticamente em ‘break even’ [equilíbrio orçamentário], com R$ 38 milhões de prejuízo líquido, que é pouco comparado ao tamanho da empresa e ao nosso faturamento”. O primeiro trimestre de 2023, diz o executivo, tem sido até melhor em termos de desempenho. “Nosso orçamento para 2023 é voltar ao território positivo. A taxa de juros alta tem ajudado no resultado financeiro, porque temos entre R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões [de reservas técnicas] impactados positivamente pelos juros locais. Além disso, com a atual falta de capacidade no mercado de resseguro temos tido oportunidades de fechar contratos com preços melhores do que tínhamos no ano passado.”

Falcão ressalta ainda que o processo de limpeza da carteira vai impulsionar os resultados. “O que a gente enxerga que o que aconteceu 2019 e 2020, que impactou 2021 foram decisões de ‘underwriting’ [subscrição de risco], visando receita e não resultado”, avalia. “A gente começou o ano com ajustes e vamos continuar acelerando essa volta à lucratividade. Queremos mostrar índices de sinistralidades menores trimestre a trimestre com uma melhora gradual e resiliente.”

Para o diretor vice-presidente Técnico e de Operações do IRB, Wilson Toneto, a perspectiva é de uma melhora do índice de sinistralidade ao longo de 2023 quando comparado ao quarto trimestre de 2022. No último período do ano passado, a companhia apresentou índice de sinistralidade total de 93,8%, com redução de 30 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2021.

Toneto reforça que a sinistralidade da carteira doméstica foi muito menor que a total, na casa de 79%. “A sinistralidade ainda é impactada pelo exterior. Estamos reduzindo gradativamente a sinistralidade e nosso ponto desejado é entre 70% a 75% no doméstico.”

A estratégia de reunderwriting do IRB tem sido aumentar a participação de contratos fechados no Brasil e reduzir a exposição ao exterior. Conforme o diretor vice-presidente de subscrição, Daniel Castillo, “nos últimos anos a parcela internacional dos negócios chegou a ser mais de 55% e hoje estamos com 30% no exterior e 70% em Brasil”. O executivo aponta que a meta da companhia é chegar a uma proporção de 20% no exterior e 80% no Brasil até o fim do ano.

O resultado financeiro também tende a melhorar ao longo do ano, segundo o diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores, Willy Jordan, que está em fase de se desligar temporariamente da companhia devido a questões de saúde. “Na medida em que a gente avança na estratégia de aumentar a proporção da carteira no Brasil, naturalmente a carteira de investimentos vai ficando proporcionalmente maior em moeda nacional e isso tende a favorecer o resultado financeiro.”