Procura por seguro rural no Brasil triplica em 5 anos
Segundo a CNseg, arrecadação chegou a R$ 12,6 bilhões entre janeiro e novembro de 2022, resultado 40% superior ao do mesmo período anterior
Reuters - 23 de Janeiro de 2023A procura por seguro rural no Brasil triplicou nos últimos cinco anos, apontou levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), com produtores buscando maior proteção após adversidades climáticas que afetaram as safras em temporadas recentes.
Além disso, a subvenção governamental ao prêmio do seguro
rural aumentou nos últimos anos e permitiu que o mercado crescesse, o que
estimulou a contratação pelos produtores.
O indicador de aumento da procura é a arrecadação do seguro
rural, que atingiu 12,6 bilhões de reais de janeiro a novembro de 2022, alta de
40% versus 2021, disse CNseg. No mesmo período de 2018, o setor havia
arrecadado 4,28 bilhões de reais.
'É evidente que a subvenção é o alicerce do mercado de
seguros, e uma maior procura dos segurados faz também com que a subvenção venha
a diluir o custo financeiro deles, seja subvenção federal, concedida por meio
do governo federal, e até subvenções estaduais', disse o vice-presidente
da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais, Daniel
Nascimento.
'Mas o que a gente percebe no mercado é que a percepção
de risco do produtor está maior, principalmente pelas perdas ocorridas no
último ano...', disse ele, acrescentando que no ano passado quebrou a
safra de soja, mas em 2021 produtores também tiveram perdas por geadas, como
foi o caso daqueles que plantam milho ou cultivam café, no Sul e Sudeste.
Em 2022, o governo federal concedeu pouco mais de 1 bilhão
de reais para a subvenção ao prêmio do seguro, versus 1,15 bilhão em 2021, o
que mostra que o interesse do produto em segurar sua safra aumentou apesar de
uma queda no subsídio dado pelo governo, conforme os dados da CNseg. Em 2018,
foram ofertados em subsídios cerca de 370 milhões de reais.
Segundo Nascimento, a demanda no mercado pela subvenção em
2022 era por algo próximo a 1,7 bilhão de reais.
O novo ministro da Agricultura, Cárlos Fávaro, afirmou nesta
semana à Reuters que o seguro rural será uma das prioridades de sua gestão,
enquanto a federação das seguradoras disse que está atenta às iniciativas
governamentais, inclusive nos Estados, para manter o crescimento.
Apesar do aumento do seguro nos últimos anos, a proporção
entre a área plantada e a segurada é de 15% no Brasil, índice baixo quando
comparado com outros importantes produtores agrícolas, como Estados Unidos
(cerca de 90%) e China (perto de 65%), segundo dados citados por Nascimento.
Isso mostra o potencial do mercado brasileiro para as
seguradoras, mas também indica riscos elevados para o setor de seguro, com o
clima tendo castigado safras de soja, milho, cana e café nos últimos anos.
A região Sul do Brasil foi a que liderou a procura pelo
seguro rural em 2022 no acumulado até novembro. No ranking de Estados aparecem:
Rio Grande do Sul (19,1%), seguido pelo Paraná (17,7%), São Paulo (15,7%),
Goiás (9,3%) e Mato Grosso do Sul (8,7%). Juntos, esses Estados representaram
70,5% da arrecadação nacional no período.
Segundo o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o seguro
Rural é fundamental para a agricultura no país. Ele citou que os produtos estão
disponíveis para agricultores que seguem as boas práticas de manejo, como
zoneamento agrícola, além da adequada correção de solo, adubação e controles
fitossanitários.
INDENIZAÇÕES TAMBÉM SALTAM
Se mais produtores têm buscado se proteger das intempéries,
as quebras recentes de safras resultaram em um forte aumento nos pagamentos das
indenizações, que subiram de 1,95 bilhão de reais em 2018 para 10,3 bilhões de
reais em 2022, alta de 78,6% ante ante 2021.
Pela primeira vez na história do país, as indenizações
superaram 10 bilhões de reais, notou o CNseg.
Diante das quebras de safra, a Brasilseg, líder em seguros
do agronegócio, com cerca de 60% do mercado no país, está planejando dividir o
risco de suas apólices com mais resseguradoras, disse o presidente da seguradora,
Rogério Idino, à Reuters, no início do mês.