Infraestrutura antiga de TI é a maior limitação para transformação de seguradoras
Pesquisa com executivos de todo o mundo busca entender os principais fatores que seguram um grupo de implementar o uso de novas ferramentas digitais
Valor Econômico - 21 de Setembro de 2022O que mais atrasa as companhias de seguros em realizar a transformação tecnológica necessária para se ajustar às novas expectativas do mercado, como consumidores mais exigentes e até as mudanças climáticas, é a infraestrutura antiga de TI, afirma o executivo-chefe de estratégia da Earnix, Dror Pockard, em apresentação no InsurTech Connect (ITC), em Las Vegas.
Segundo o especialista, a Earnix realizou uma pesquisa com
altos executivos de todo o mundo para entender os principais fatores que
seguram um grupo de implementar o uso de novas ferramentas digitais, como
inteligência artificial, machine learning e outras. 'O principal fator, de
longe, foi a ineficiência da estrutura de TI, com muitos sistemas legados e
desorganização de dados', disse.
De acordo com o chefe da operação na América Latina da
Earninx, Ricardo Lachac, 'em geral, as seguradoras [mais antigas] costumam
apresentar estrutura de tecnologia inflexível, com uma miríade de sistemas
legados e várias plataformas diferentes operando para obter apenas um fim
específico'. O especialista citou ainda o fato de haver bolsões de dados
separados, que mantêm informações dispersas e, muitas vezes, trazendo dados
conflitantes. 'Esse tipo de arranjo pode trazer, até mesmo, riscos
regulatórios, com riscos de 'compliance'.'
Pockard apontou a transformação digital como essencial para
a indústria de seguros enfrentar um cenário que ele classificou como
'tempestade perfeita' para o setor. 'O segundo trimestre deste
ano foi o pior da indústria [de seguros global] em muitos anos. Muitas coisas
estão acontecendo, como inflação elevada em todo o mundo, subida de custos das
companhias, o que impacta na precificação dos seguros, mudanças climáticas —
estamos vendo impactos disso, como inundações e eventos extremos. Além disso,
temos um mercado em que os consumidores estão elevando as expectativas sobre as
companhias, sem contar a própria pressão de competidores e as restrições
regulatórias — todos os países têm —, além até da mudança da dinâmica no
mercado de trabalho.'
Esses fatores estão redesenhando várias indústrias no mundo
e a de seguros não é exceção. De acordo com o CSO da Earnix, 'não há outra
maneira de enfrentar essa tempestade perfeita senão mudar tanto a forma como as
empresas analisam os dados e os riscos, quanto a velocidade com a qual
conseguem agir'.
Pockard explicou que ferramentas como inteligência
artificial e machine learning, ou aprendizado de máquina, podem trazer soluções
que possibilitem às seguradoras criar a habilidade de agir na velocidade certa,
como, por exemplo, acelerar o tempo que a empresa leva para trazer um novo
produto ao mercado, mudar parâmetros de uma proteção existente ou ajustar preços.
'Agilidade é chave e distingue os melhores negócios.'
A Celent realizou outra pesquisa com mais de 700 executivos
no mundo todo. Segundo o chefe de seguros para a América Latina da companhia
americana, Juan Mazzini, em um recorte da América Latina, 60% dos entrevistados
declararam contar com uma estratégia de transformação digital. Entre aqueles
que contam com esse processo, a principal funcionalidade citada foi a
implementação de softwares para administração de carteira, com 41% do conjunto.
Outras ferramentas, porém, como portal para atendimento aos clientes e sistema
on-line para sinistros, apresentaram baixos percentuais de, respectivamente,
15% e 7%.
O mesmo levantamento indicou quatro operações como as
principais transformações necessárias. O sistema automatizado para
solicitações, sinistros e indenizações aparece em primeiro, com 34% das
menções. Emissões instantâneas de apólices surge em segundo, com 30%. Depois
surgem subscrição rápida e entrega mais veloz de documentos de apólices, com
28% cada.