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Após pandemia, teleconsulta deve crescer até 15% por ano

Em 20% dos hospitais o teleatendimento representa até metade das consultas e no restante, esse percentual chega a 75%

Valor Econômico - 27 de Maio de 2021

A demanda por consultas via telemedicina deve atingir seu ápice neste primeiro semestre. “Após a pandemia, a expectativa é que a procura pelos atendimentos on-line caia cerca de 50%. Esse fenômeno de queda mais forte após o pico é normal com ferramentas digitais, mas depois a expectativa é que volte a crescer entre 10% a 15% por ano”, disse Eduardo Cordioli, coordenador do grupo de trabalho de telemedicina da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) e gerente médico do Hospital Israelita Albert Einstein.

Nesse primeiro semestre, 60% dos hospitais participantes do levantamento da Anahp informaram que até 25% de suas consultas estão sendo realizadas remotamente. Em 20% dos hospitais o teleatendimento representa até metade das consultas e no restante, esse percentual chega a 75%. Cordioli, que faz parte do grupo de trabalho para regulamentação da telemedicina junto com o governo e entidades médicas, acredita que haverá, inclusive, um aumento no volume total de atendimentos médicos (presenciais e on-line) após a pandemia.

Esse incremento deve vir do público que atualmente não vai a médicos devido a questões como distância geográfica e falta de tempo, entre outros. Ele conta que, durante a pandemia, houve um aumento na quantidade de homens realizando consultas médicas por conta da telemedicina. “Hoje, metade dos atendimentos digitais é com pacientes do sexo masculino, principalmente, devido à praticidade”, disse. Em consultas médicas presenciais, mais da metade dos pacientes são mulheres e 85% de todas as consultas são capitaneadas por mulheres

Essa expectativa de incremento no volume de consultas on-line também se deve ao avanço da tecnologia. Segundo o especialista, a tendência é que as consultas a distância sejam realizadas para um primeiro atendimento médico e que a inteligência artificial indique se o paciente deve ou não procurar um pronto-socorro ou especialista.

Pesquisa da Anahp mostra que hoje 58% dos pacientes já preferem fazer a primeira consulta digitalmente para saber se precisam, por exemplo, procurar um pronto-socorro. Outro fator que contribui é que no atendimento remoto há emissão de prescrição médica. Uma das maiores expectativas da telemedicina é o impacto da tecnologia na rede pública de saúde, que carece de infraestrutura e profissionais.

Hoje, o tempo de espera de um exame pode levar até um ano. “A inteligência artificial poderá mostrar, por exemplo, com dispositivos, numa consulta on-line inicial, se determinada lesão de pele é grave e direcionar mais rapidamente a um especialista, evitando que se chegue a um caso de câncer”, disse Cordioli.