Investimentos em planos de previdência privada crescem 100%
Produtos do tipo VGBL continuam sendo o motor de crescimento do setor
Valor Econômico - 20 de Setembro de 2024De janeiro a julho de 2024, os planos de previdência privada aberta (aqueles produtos abertos para o público em geral) tiveram captação líquida de R$ 36,7 bilhões, isto é o montante que os investidores alocaram mais do que sacaram desses produtos nos primeiros sete meses deste ano. De acordo com a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), entidade que reporta os dados, esse resultado representa um crescimento de 100,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A arrecadação total (tudo que foi investidor na indústria)
foi de R$ 113,8 bilhões nos sete primeiros meses de 2024, superando em 20,8% o
registrado entre janeiro e julho de 2023. Mas os resgates também cresceram, só
que bem menos. Os investidores da previdência privada aberta sacaram R$ 77,1
bilhões neste intervalo, 1,6%, mais na base anual.
Em ativos, a poupança previdenciária dos participantes
desses planos ultrapassou de mais de R$ 1,5 trilhão. Mas por que as pessoas
estão investindo tanto em previdência privada?
O relatório da Fenaprevi não entra nas razões para o
crescimento expressivo da captação, mas alguns motivos podem ser levantados com
base nas informações de mercado.
O primeiro - e, talvez, o mais relevante neste contexto - é
a entrada em vigor da tributação nos fundos exclusivos e offshores que instalou
o regime come cotas neles. Isso provocou um desmonte de muitos desses produtos
e a busca por um refúgio para todo esse capital em ativos de outras classes do
mercado financeiro.
Assim, os fundos de previdência privada receberam uma boa
fatia desse montante, o que impulsionou a captação da indústria nesse período
analisado.
Além disso, a classe vem apresentando evolução em
performance, o que tende a favorecer esses produtos diante do público
investidor. O Valor Investe já reportou aqui que dos 3,6 mil fundos de
previdência existentes em 2023, 98% renderam mais do que o IPCA daquele ano.
O que leva à segunda razão, esmiuçada na mesma matéria, para
o aumento da captação: a “explosão” de novos fundos. Com mais produtos na
classe, a competição aumentou e, com isso, melhorou a oferta de fundos ajudou a
diminuir a taxa de administração das carteiras.
Isso tudo torna a indústria mais atraente e ajuda a
sustentar o crescimento.
VGBL é o principal motor do crescimento
Ao segmentar por produto, o estudo da Fenaprevi revela que o
tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) cresceu 22% na captação bruta, um
volume total de R$ 105 bilhões no intervalo de análise. No mesmo período, os
resgates subiram 0,8%, o que resultou na captação líquida de cerca de R$ 38
bilhões.
Ao todo, no Brasil são 8,8 milhões de planos VGBL, o que
representa 63% do setor. Entre os demais tipos, como o Plano Gerador de
Benefício Livre (PGBL) somou 3,1 milhões (22%), enquanto os planos tradicionais
totalizaram 2,2 milhões ou 16% do todo.