Mercado discute cenário político-econômico global e seu impacto no Brasil
Para corretoras e seguradoras, toda crise precisa ser contornada com soluções inteligentes e tecnológicas
Sonho Seguro - 13 de Setembro de 2024Mudanças climáticas, eleições americanas, guerra na Ucrânia, situação da Venezuela e a influência econômica da China na América Latina, além do cenário político e econômico do Brasil pautaram uma discussão sobre os impactos desses fenômenos no mercado segurador e o papel das corretoras e seguradoras na antecipação de riscos, especialmente os que inferem sobre a sinistralidade. O debate foi promovido pela Alper Seguros, uma das maiores corretoras do país.
Marcos Couto, CEO da Alper Seguros, apontou uma ligação
direta entre alta taxa de juros, volatilidade econômica e outras crises como os
principais elementos que influenciam nos preços dos seguros no Brasil. “Nos
últimos anos, a demanda por contratação de seguros no Brasil cresceu, mas os
preços aumentaram. Quando falamos de seguro cyber, por exemplo, observamos
certa procura, mas com uma sinistralidade desproporcional, com muitos players
retirando-se do mercado por conta de cenários adversos, diminuindo a oferta”,
expôs o executivo.
Segundo os participantes, os aumentos dos prêmios não
ocorrem por vontade das seguradoras, mas sim da influência do cenário global
sobre dois elementos: sinistralidade e taxa de juros. As seguradoras observam
essas variáveis para fazer a precificação, mas com uma economia globalmente
conectada, oscilações locais ou internacionais tem um efeito direto no preço do
seguro.
A própria história do mercado segurador no Brasil evidencia
isso. O Brasil abriu o mercado de resseguros em 2008. Após 10 anos, a oferta de
resseguros global estava plenamente consolidada, com muitos agentes capazes de
tomar riscos, resultando em seguros baratos, resultando no “mercado soft”. Em
2020, com a chegada da pandemia de Covid-19, há um impacto imediato e material
nas duas variáveis: os governos começam a injetar dinheiro na economia para
manter tudo funcionando; as taxas de juros sobem de maneira exponencial, com
efeito no mercado internacional de resseguros; cai a oferta de agentes com
capacidade de tomar risco em países como o Brasil. O resultado é um aumento
considerável no valor dos seguros.
O número de eventos climáticos extremos nos últimos 10 anos
aumentarou de maneira significativa, impactando também os sinistros
exponencialmente. E no horizonte, não se observa uma alteração considerável no
cenário político, conforme exemplificou Caio Junqueira, analista político da
CNN e palestrante do evento. O jornalista apresentou um resumo dos principais
acontecimentos globais dos últimos anos. “O mundo anda muito complicado em
termos de comércio e política mundial”, apontou Junqueira.
O globo passou por diferentes ciclos após a Segunda Guerra
Mundial. Durante a Guerra Fria, o poder mundial se divide em dois eixos:
Estados Unidos e União Soviética. Com a queda do Muro de Berlim em 1989, os
americanos dominaram o cenário global até 2014, quando a Rússia invadiu a
Criméia e rompeu a hegemonia norte-americana. “Hoje estamos em um mundo
multipolar, mas dividido entre autocracias e democracias. São todos players
mundiais fazendo frente à antiga ordem mundial”, apontou Caio Junqueira.
No Brasil, a fragilidade do Poder Executivo, os avanços do
Congresso sobre o orçamento público e as pressões que o STF vem recebendo
tornam o clima no país uma constante instabilidade, conforme apontou Junqueira.
Mesmo assim, Marcos Couto, da Alper, complementou que é responsabilidade do
mercado segurador ter uma visão positiva para contornar tais efeitos, unindo
esforços para redução de impactos. “Temos que continuar focados nos nossos
negócios, seguir investindo e acreditando no segmento. Nosso papel é trazer
novos produtos focando no consumidor final”, disse. O CEO da Alper também
aposta na união do mercado como ponto de resiliência em momentos adversos.
O mercado de seguros aposta na tecnologia com objetivo de
democratizar o acesso ao seguro como produto financeiro, ampliando o público
consumidor e, com isso, conseguir ofertar preços condizentes com o poder
econômico da população.