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Venda de veículos sobe 3,7% em julho, para 182 mil

Valor Econômico - 08 de Agosto de 2022

A venda de veículos apresentou crescimento de 3,7% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 182 mil unidades. No acumulado do ano, porém, houve queda de 12%, para 1,1 milhão de veículos.

O resultado mostra que, apesar da recuperação, a última projeção feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para 2022 está longe de ser alcançada. A entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil reviu cálculos e anunciou, recentemente, que o mercado brasileiro de veículos poderia chegar a 2,14 milhões de unidades este ano. Para isso, as vendas acumuladas nos próximos cinco meses precisam aumentar mais de 48% em relação ao acumulado nos sete primeiros.

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, considera possível crescer 13% ao mês no que resta até o fim do ano porque, segundo ele, o segundo semestre tende a ser melhor com o início da normalização do abastecimento de semicondutores. Desde o início do ano, houve 24 paralisações nas fábricas de veículos devido à falta desse componente eletrônico, num total de 408 dias inativos, somando as paradas de cada linha. Para Leite, o Brasil poderá se beneficiar este mês do período de férias na Europa. Isso significa que mais semicondutores poderão vir para o Brasil.

Por outro lado, o dirigente se preocupa com a alta dos juros e restrições ao crédito. “Nosso setor depende de financiamento”, disse, durante a divulgação dos resultados do setor em julho. Segundo ele, a venda a prazo em julho caiu para 35%. Há um ano o pagamento parcelado representava 80%.

Chamou a atenção da direção da Anfavea o aumento das vendas diretas, a frotistas, que representaram 50% dos licenciamentos de veículos em julho. Ou seja, o consumidor participou de apenas metade do mercado de carros novos no mês passado.

A direção da Anfavea esteve ontem com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e equipe, para pedir redução de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo Leite, o imposto incide em mais de uma etapa nas vendas de veículos. A primeira é da montadora para o concessionário, uma operação financiada. O IOF entra, novamente, na venda financiada da revenda para o consumidor. “E além disso, o consumidor volta a pagar IOF na contratação de seguro”, destacou o presidente da Anfavea. “O princípio do IOF é ser um imposto regulatório, que é elevado quando se quer restringir o consumo”, disse.

Produção

O volume de produção de veículos no Brasil em julho foi o maior do ano e também o maior desde novembro de 2020, num sinal de que os problemas com a escassez de semicondutores começam a ser superados, apesar de algumas fábricas ainda terem que paralisar as linhas pela falta desse componente eletrônico.

Em julho, foram produzidos 219 mil veículos, um aumento de 33,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, no entanto, o crescimento foi modesto, de 0,2%, para 1,31 milhão de unidades.

Leite disse que a indústria ainda tem muitos veículos incompletos nos pátios, à espera da chegada de semicondutores. No entanto, o estoque de carros completos ficou estável no mês passado, com 150 mil unidades, suficiente para 25 dias de vendas.

Exportação

A exportação de veículos continua em alta a despeito da crise na Argentina, principal destino dos embarques. A demanda em outros países da região, como Chile e Colômbia, ajudaram o setor a registrar uma alta de 76,3% nas vendas externas em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. A receita com a exportação de julho alcançou US$ 902,5 milhões, uma alta de 61,5% na comparação com o valor de um ano atrás.

Já no acumulado do ano, o Brasil já exportou 288,2 mil veículos, alta de 28,7% em relação há um ano atrás, o que representou receita de US$ 5,7 bilhões, 37,4% acima do mesmo período de 2021.

A crise e a falta de divisas na Argentina preocupa os fabricantes de veículos, obrigados, agora, a aguardar no mínimo 180 dias para receber pelos veículos que exporta para aquele país. O presidente da Anfavea destacou que haverá impactos na área financeira das montadoras.

O setor também acompanha as novidades que chegam a cada dia do país vizinho. “Quando ainda estávamos digerindo as primeiras medidas, novas foram anunciadas na quarta-feira. Mas, felizmente, desta vez, foram bem-recebidas pelo mercado”, destacou. O novo ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, prometeu manter o déficit público em 2,5% do Produto Interno Bruto este ano. Ele também se comprometeu a “proporcionar austeridade com inclusão social.”