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Lucro dos bancos privados sobe 7,8%, a R$ 18 bi

Crédito foi motor do crescimento, com alta das carteiras e das margens, mas inadimplência acende alerta

Valor Econômico - 10 de Maio de 2022

Os três maiores bancos privados do país - Itaú Unibanco, Bradesco e Santander - apresentaram juntos um lucro líquido recorrente de R$ 18,187 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado supera em 7,82% o obtido no mesmo intervalo de 2021.

O crédito foi o motor do crescimento dos bancos. A carteira combinada das três instituições somava R$ 2,389 trilhões, o que representa um crescimento de 13,3% no período de 12 meses até o fim de março. O saldo, no entanto, avançou apenas 0,52% quando comparado ao do fim do ano passado. A retomada gradual da economia e o efeito da inflação sobre os volumes explicam o crescimento.

Mesmo em um momento de alta das taxas de juros, os grandes bancos privados cresceram principalmente nas linhas sem garantia, como cartões e crédito pessoal não consignado, no caso de pessoas físicas. Isso contribuiu para um aumento significativo das despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD), já que nessas modalidades o risco de inadimplência é mais alto.

As despesas com PDD totalizaram R$ 16,416 bilhões, um aumento de 46,8% em relação aos gastos no primeiro trimestre do ano passado. Em relação ao quarto trimestre, a alta foi de 15,8%. Além do foco nas linhas sem garantia, o próprio crescimento das carteiras e uma piora - ainda que dentro do esperado - dos indicadores de inadimplência justificam o reforço nas reservas contra calotes.

Impulsionada pelas operações de crédito, a margem financeira combinada de Itaú, Bradesco e Santander somou R$ 51,534 bilhões no primeiro trimestre, um crescimento de 7% frente ao mesmo intervalo do ano passado. Houve, no entanto, queda de 1,5% em relação ao quarto trimestre, mas nesse caso pesou o componente sazonal. Muitas linhas - como cartão de crédito, por exemplo - têm um desempenho muito forte no fim do ano e no início do próximo período vivem uma certa “ressaca”.

Os três bancos esperam tendências parecidas para o restante do ano, com as margens com clientes continuando a melhor - mesmo com uma leve desaceleração do crescimento das carteiras e a inadimplência ainda piorando no curto prazo, mas se estabilizando perto do fim do ano, em patamares um pouco acima dos níveis pré-pandemia.

O Bradesco, que tinha uma visão mais conservador no início do ano, reviu para cima suas projeções após um primeiro trimestre melhor que o esperado. “Os spreads têm ficado acima do que esperávamos e não vemos pressões adicionais em 2022, disse o presidente-executivo, Octavio de Lazari Jr.

Já o Itaú, que iniciou o ano com disposição, agora mostra uma postura discretamente mais cautelosa. “Estamos pilotando com bastante cuidado a carteira de cartão de crédito em meio a cenário adverso”, afirmou o presidente do banco, Milton Maluhy Filho. No Santander, mesmo com a mudança do CEO - saiu Sérgio Rial e entrou Mário Leão - a estratégia não mudou muito, com foco na ampliação da base de clientes. “Continuamos nossa história de crescimento, com resultados consistentes e recorrentes, suportados pela nossa boa capacidade de antecipação de tendências”, disse Leão.

No crédito para pessoal física, algumas linhas apresentaram clara desaceleração, como financiamento imobiliário - bastante afetado pela alta de juros - e de veículos, que sofre com a queda nas vendas e alta da inadimplência. Cartões e empréstimo pessoal podem desacelerar, mas seguem fortes por causa da reabertura da economia. Já para empresas, eleição e juros elevados dificultam investimentos, mas o capital de giro é sempre necessário. Em PJ, com a depuração trazida pela pandemia, não se espera alta substancial da inadimplência.