Prevenção e uso de dados ajudam a reduzir custos das operadoras
Modelos de assistência podem ser alívio para novos gastos do setor, segundo especialistas
Folha de S.Paulo - 25 de Novembro de 2021Para garantir maior acesso aos planos de saúde, as operadoras devem rever os modelos de assistência, pensando no melhor cuidado para o paciente. Assim, é possível saber como gastar melhor os recursos.
Isso é o que defende Vera Valente, diretora-executiva da
FenaSaúde, que representa 15 grupos de operadoras e seguros privados. Ela foi
uma das participantes da 4ª edição do Seminário Saúde Suplementar, promovido
pela Folha na última segunda (22).
Em abril deste ano, o número de beneficiários em planos
privados superou a marca de 48 milhões, alcançando o maior patamar desde 2016,
conforme dados da ANS (Agência Nacional de Saúde).
Valente diz que o setor não é concorrente do SUS e que ele
serve para aliviar a demanda da rede pública. 'A pandemia mostrou que é
muito importante atuarmos de forma integrada [com o SUS]. Isso beneficia a
todos.'
Apesar do crescimento no número de usuários, os planos
enfrentam desafios para lidar com os custos. Entre os motivos estão a mudança
de perfil das doenças, o aumento do uso da tecnologia e maior longevidade da
população.
Uma das alternativas é a gestão ativa de saúde, afirma Pablo
Cesário, responsável pelo relacionamento com o Poder Executivo na CNI
(Confederação Nacional da Indústria). Com o método, as operadoras traçam um
perfil do cliente para agir de forma precoce em relação às doenças que ele
possa desenvolver.
'Controle diabetes e pressão alta e 80% dos seus gastos
serão minorados. A melhor forma de tratar a doença é não tê-las.'
Para que isso se torne mais frequente, seria necessário
promover uma ampliação nos sistemas de informação, de acordo com Francisco
Vignoli, médico e sócio-diretor da consultoria B2 Saúde & Bem Estar.
Segundo ele, as empresas precisam investir em transparência de dados.
Apostar no uso de dados é o que tem sido feito no Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. A unidade Vergueiro, na zona sul da cidade,
tem investido em um modelo de previsibilidade.
Os custos são pré-definidos pelo prestador e a operadora.
Caso o valor de um procedimento seja maior do que o combinado, o hospital arca
com o excesso. Mas, quando as despesas são menores, a unidade fica com a
diferença.
José Marcelo de Oliveira, diretor-presidente do hospital,
diz que foi criada uma integração das informações. Os dados do paciente formam
um histórico, que pode ser usado sempre que necessário. Com isso, é possível
estimar de forma mais precisa as despesas a serem gastas.
Iniciativas de clínicas e hospitais para diminuir custos
devem ser reguladas, diz Cesário, da CNI. Assim, é preciso que haja
transparência no uso de dados dos pacientes.
Modelos verticalizados, nos quais há investimento das
operadoras em rede própria, também reduzem despesas. Entretanto, Valente diz
que o usuário tem mais liberdade quando há mais opções para escolher, embora os
dois sistemas sejam bons.