Fleury compra laboratório do Recife
Em paralelo às análises que vem tocando para uma possível transação com a Alliar - o ativo mais cobiçado no momento no mercado de medicina diagnóstica - o Fleury fechou a aquisição de 100% do Laboratório Marcelo Magalhães, sediado em Recife (PE), por R$ 385,4 milhões. É a segunda maior operação da companhia, atrás apenas da compra da rede carioca Lab’s por R$ 1 bilhão, anunciada em 2010.
Com a transação, o Fleury reforça seu negócio de medicina
diagnóstica mesmo que o foco de sua presidente Jeane Tsutsui, que assumiu o
comando em março, seja crescer a área de outros negócios de saúde.
A executiva é uma entusiasta dessa estratégia. Do ano
passado para cá, o Fleury adquiriu clínicas de ortopedia, oftalmologia e de
infusão de medicamentos, além de abrir um centro de reprodução feminina e uma
área de telemedicina. O objetivo é integrar esses atendimentos médicos ao
negócio de exames, que é hoje a principal fonte de receita do Fleury. A
companhia segue uma tendência do setor em que os grandes grupos estão entrando
em novas áreas da cadeia de saúde a fim de ter uma medicina integrada.
Essa estratégia já é adotada por empresas como Dasa, Rede
D’Or, Hospital Care, entre outros. Mas a grande diferença entre eles é que o
Fleury não está investindo em hospitais como vem fazendo seus concorrentes. O
valor da compra do Marcelo Magalhães representa 7,5 vezes o lucro antes de
juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) previsto para 2024.
Na visão do Credit Suisse, o valor da operação parece ter
sido elevado. Segundo Maurício Cepeda, analista do banco, a aquisição terá que
gerar sinergias significativas para se justificar. O Fleury pagou um múltiplo
de 3,4 vezes o valor de vendas, sendo que seu patamar é de 2,3 vezes.
Nos últimos 12 meses, até julho, o Marcelo Magalhães, que
atua com exames de análises clínicas, apurou um faturamento de R$ 114 milhões.
“Já temos em Recife os laboratórios a+ e Diagmax. Vamos obter sinergias com
essas operações e oferecer novos serviços. Com o Marcelo Magalhães, que tem 13
pontos, passaremos a ter 31 unidades na Região Metropolitana do Recife”, disse
a presidente do Fleury.
Segundo José Antonio Filippo, diretor de relações com
investidores da companhia, o múltiplo sobre o Ebitda ficou próximo de nove
vezes, perto do patamar das aquisições anteriores. Fundado há 64 anos pelo
médico Marcelo Magalhães, o laboratório que leva seu nome foi a quinta
aquisição do Fleury no Nordeste, onde a companhia já investiu quase R$ 700
milhões.
Atualmente, o Nordeste representa a segunda maior praça para
a companhia, com 25% das 280 unidades que o grupo possui no país. Segundo a
presidente do Fleury, há uma boa diversificação de operadoras de planos de
saúde em Recife que atendem o laboratório adquirido.
No primeiro semestre, o Fleury apurou uma receita líquida de
R$ 1,8 bilhão, o que representa um aumento de 56,2% sobre o mesmo período de
2020. O Ebitda saltou 134% para R$ 505 milhões. Já na última linha do balanço,
a rede de medicina diagnóstica apurou um lucro líquido de R$ 184 milhões,
revertendo um prejuízo de R$ 14,6 milhões registrado nos primeiros seis meses
do ano passado.