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Fleury compra laboratório do Recife

Valor Econômico - 19 de Outubro de 2021

Em paralelo às análises que vem tocando para uma possível transação com a Alliar - o ativo mais cobiçado no momento no mercado de medicina diagnóstica - o Fleury fechou a aquisição de 100% do Laboratório Marcelo Magalhães, sediado em Recife (PE), por R$ 385,4 milhões. É a segunda maior operação da companhia, atrás apenas da compra da rede carioca Lab’s por R$ 1 bilhão, anunciada em 2010.

Com a transação, o Fleury reforça seu negócio de medicina diagnóstica mesmo que o foco de sua presidente Jeane Tsutsui, que assumiu o comando em março, seja crescer a área de outros negócios de saúde.

A executiva é uma entusiasta dessa estratégia. Do ano passado para cá, o Fleury adquiriu clínicas de ortopedia, oftalmologia e de infusão de medicamentos, além de abrir um centro de reprodução feminina e uma área de telemedicina. O objetivo é integrar esses atendimentos médicos ao negócio de exames, que é hoje a principal fonte de receita do Fleury. A companhia segue uma tendência do setor em que os grandes grupos estão entrando em novas áreas da cadeia de saúde a fim de ter uma medicina integrada.

Essa estratégia já é adotada por empresas como Dasa, Rede D’Or, Hospital Care, entre outros. Mas a grande diferença entre eles é que o Fleury não está investindo em hospitais como vem fazendo seus concorrentes. O valor da compra do Marcelo Magalhães representa 7,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) previsto para 2024.

Na visão do Credit Suisse, o valor da operação parece ter sido elevado. Segundo Maurício Cepeda, analista do banco, a aquisição terá que gerar sinergias significativas para se justificar. O Fleury pagou um múltiplo de 3,4 vezes o valor de vendas, sendo que seu patamar é de 2,3 vezes.

Nos últimos 12 meses, até julho, o Marcelo Magalhães, que atua com exames de análises clínicas, apurou um faturamento de R$ 114 milhões. “Já temos em Recife os laboratórios a+ e Diagmax. Vamos obter sinergias com essas operações e oferecer novos serviços. Com o Marcelo Magalhães, que tem 13 pontos, passaremos a ter 31 unidades na Região Metropolitana do Recife”, disse a presidente do Fleury.

Segundo José Antonio Filippo, diretor de relações com investidores da companhia, o múltiplo sobre o Ebitda ficou próximo de nove vezes, perto do patamar das aquisições anteriores. Fundado há 64 anos pelo médico Marcelo Magalhães, o laboratório que leva seu nome foi a quinta aquisição do Fleury no Nordeste, onde a companhia já investiu quase R$ 700 milhões.

Atualmente, o Nordeste representa a segunda maior praça para a companhia, com 25% das 280 unidades que o grupo possui no país. Segundo a presidente do Fleury, há uma boa diversificação de operadoras de planos de saúde em Recife que atendem o laboratório adquirido.

No primeiro semestre, o Fleury apurou uma receita líquida de R$ 1,8 bilhão, o que representa um aumento de 56,2% sobre o mesmo período de 2020. O Ebitda saltou 134% para R$ 505 milhões. Já na última linha do balanço, a rede de medicina diagnóstica apurou um lucro líquido de R$ 184 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 14,6 milhões registrado nos primeiros seis meses do ano passado.