Brasileiros estão apreensivos com economia e condição financeira pessoal
Os brasileiros ainda estão apreensivos com o rumo da economia e da condição financeira pessoal, mostra nova pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgada nesta quarta-feira. Pouco mais da metade dos 3 mil entrevistados (52%) não acredita que a situação financeira pessoal se recupere ainda este ano e cerca de dois terços (68%) não esperam retomada da economia brasileira em 2021.
Em nota, Isaac Sidney, presidente da Febraban, disse que a
maioria dos números da pesquisa atual, chamada de Radar Febraban, está melhor
em relação ao levantamento feito em março último, mas o receio da população
persiste. “Esse cenário mostra que ainda precisamos perseverar nas reformas
estruturais e na melhoria do ambiente econômico no país”, sugere.
Conforme o levantamento feito entre 18 e 25 de junho, embora
ainda elevado, o pessimismo em relação à economia diminuiu de 75% dos
consultados em março para 68%. A expectativa de recuperação em 2021 cresceu
para 13%, ante 9% no levantamento anterior. Mais da metade da população (52%)
acha que o desemprego vai aumentar (70% antes), 73% apostam no crescimento da
inflação/custo de vida (80% antes) e 72% na alta da taxa de juros (76% antes).
Sobre a situação financeira, os percentuais dos que não
acreditam que a situação financeira pessoal se recupere ainda este ano (52%) e
dos mais otimistas (23%) são praticamente os mesmos do levantamento de março.
Caso a situação financeira melhore, cerca de um terço dos
entrevistados disse que deseja investir seus recursos extras em poupança (32%) ou
outro tipo de investimento bancário (34%). com viagens é a opção de 29% dos
entrevistados e, para 27%, é mais interessante investir em imóveis. Destinar
dinheiro extra para melhorar a sua educação e a de seus familiares é opção de
26% das pessoas.
Opções como reformar casa ou comprar carro foram
mencionadas, respectivamente, por 24% e 19% dos entrevistados. Menos de um
quinto cita a compra de eletrodomésticos e eletrônicos (15%) e a contratação ou
melhoria do plano de saúde (12%); a expectativa por investimento em seguros
(carro, casa ou vida) é de 9% e em compra de moto é de 5%.
Comparativamente ao estudo de março, as expectativas
avançaram em relação à maioria dos tipos de investimentos, exceto os
relacionados ao plano de saúde (caiu de 17% para 12%). As principais variações
no ranking de expectativas sobre investimentos se deram em relação a outros
investimentos bancários diferentes da poupança (aumento de 7 pontos) e compra
de carro (aumento de 8 pontos).
Quanto ao acesso ao crédito das pessoas e das empresas, é
maior o contingente que acredita em aumento (36%) do que em diminuição (26%), e
para 33% vai ficar igual (esses percentuais eram 30%, 35% e 29%,
respectivamente). Para 48% dos entrevistados, o poder de compra das pessoas
deve diminuir, ao passo que 25% preveem um aumento e 23% consideram que não
sofrerá alteração. No levantamento anterior, eram 64%, 16% e 18%.
A Febraban também questionou sobre a imagem das instituições
financeiras. Mais da metade acham que as instituições contribuem positivamente
para o desenvolvimento da economia brasileira (53%) – em março eram 51% – e
para ajudar o país, a população e seus clientes a enfrentarem a crise da
covid-19 (52%) – antes eram 45%. Chega a 45% o número de pessoas que veem
contribuição positiva dos bancos em relação à melhoria na qualidade de vida dos
brasileiros (42% antes) e a 43% os que identificam essa contribuição positiva
na geração de empregos (40% antes).
A federação aproveitou ainda para saber o que os entrevistados
pensam em relação ao open banking, plataforma de compartilhamento de dados
financeiros em implementação, cuja segunda fase, que começaria amanhã, foi
adiada para 13 de agosto. Os resultados desta parte da pesquisa não foram
animadores.
O open banking é desconhecido para 57% dos entrevistados,
enquanto 41% já ouviram falar. Depois de serem informados de que se trata de
“um sistema em que a pessoa autoriza o compartilhamento dos seus dados e seu
histórico financeiro entre bancos que desejar, de forma que o setor bancário
possa conhecer o perfil do cliente e oferecer-lhes novos produtos e serviços
mais personalizados”, 45% expressaram opinião positiva sobre o mecanismo, 20%
consideraram negativo e 28% disseram que não é nem positivo nem negativo.
O potencial de adesão ao open banking é de 16% (pessoas que
“com certeza” irão aderir) e mais 46% que “podem ou não” aderir; ao passo que
30% disseram que “com certeza” não irão aderir.