Transtorno mental custa US$ 1 tri à economia global
Um estudo liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que depressão, ansiedade e doenças relacionadas custam US$ 1 trilhão por ano à economia global em perda de competitividade, informa o Valor Econômico. No Brasil, os pedidos de afastamento do trabalho por causa de transtornos mentais aumentaram 26% em 2020, em comparação com 2019. Foram mais de 576 mil solicitações, segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
O problema tem levado muitas empresas a buscar serviços
especializados para apoiar seus empregados. “As empresas estão percebendo que
saúde mental não é custo, é investimento, pois reduz o número de sinistros,
aumenta o engajamento e reduz o absenteísmo, entre outros benefícios”, diz a
psicóloga Milene Rosenthal.
Pioneira em psicoterapia on-line no Brasil, ela é fundadora
da Telavita, que em 2020 participou de um programa de aceleração do Google ao
vencer a competição Startup Battle, em São Francisco (EUA). Um dos focos da
startup são as operadoras de saúde. Entre seus clientes estão categorias
profissionais bastante vulneráveis à ocorrência de transtornos mentais, como
trabalhadores em plataformas de petróleo.
Na pandemia, a Telavita teve aumento de 680% na demanda de
serviços. Entre abril de 2020 e fevereiro deste ano, a rede de centros médicos
Dr. Consulta realizou mais de 88 mil atendimentos on-line e presenciais de
psiquiatria e psicologia. Desses pacientes, 27% procuraram a healthtech pela
primeira vez e 65% são mulheres.
A faixa etária de quase um terço dos que procuram o serviço
está entre 21 anos e 30 anos. Depressão ou doenças relacionadas, como
transtorno de humor ou ansiedade, são os principais diagnósticos. “Mais da
metade dos municípios do Brasil não têm psicólogo, e muitas vezes a única opção
de ajuda é a terapia on-line”, afirma presidente da Vittude, Tatiana Pimenta.
A plataforma digital, criada há três anos, presta serviços de
psicologia on-line e educação emocional para organizações como Microsoft, Grupo
Boticário, SAP, Saint-Gobain e Renner. Em 2020 o número de contratos
corporativos da empresa passou de sete para 120 e a receita cresceu 540%.
Tatiana ressalta a importância de preparo para lidar com os colaboradores:
“Muitos profissionais de recursos humanos estão adoecendo, pois, ao se
colocarem na posição de ouvintes, também sofrem”.
Criado em 2017 pelo psiquiatra e neurocientista Diogo Lara,
o aplicativo Cíngulo oferece um método on-line de terapia autoguiada como
alternativa ou complemento a tratamentos de saúde mental. “Em dez anos de
pesquisa com big data, desenvolvemos um teste com 36 perguntas que fazem uma
avaliação simples, precisa e profunda da pessoa, para que ela comece uma trilha
com sessões de autoconhecimento”, conta.
O programa já foi baixado 2,4 milhões de vezes e tem 55 mil
assinantes. “Parte do conteúdo é gratuito, pensando nas pessoas que não podem
pagar”, diz. Em 2019 o Cíngulo foi eleito o melhor app do ano no serviço de
distribuição digital Google Play. A demanda dos psicólogos, clínicas e
consultórios por ferramentas digitais tem criado oportunidades para startups
como a PsicoManager, criada em 2015 em Uberlândia (MG).
A plataforma oferece agendamento on-line de pacientes,
personalização de prontuários, automatização de cobranças e lembretes de
sessão, entre outras funcionalidades. “Estamos nos integrando com a fintech
Iugu para lançar uma solução chamada PsicoBank, que permitirá aos profissionais
fazer transações bancárias e investimentos dentro da plataforma”, diz o
fundador, José Guilherme Honorato.
A eCare Life, rede de clínicas de atendimento em saúde
mental, pretende lançar no primeiro semestre um aplicativo para conectar
pacientes com uma rede de psicólogos. De acordo com o diretor médico, Eduardo
Tancredi, o eClick funcionará inicialmente 12 horas por dia, sem necessidade de
agendamento. “Nosso objetivo é evitar que situações agudas se tornem doenças
graves ou crônicas”, afirma.