Hospital Oswaldo Cruz terá unidade com médicos de família
O Valor Econômico relata que o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, está investindo num novo braço de negócios. O hospital terá a partir deste ano uma unidade de atenção básica, com médicos de família. O projeto atende a uma demanda das seguradoras e operadoras de saúde não verticalizadas que estão criando modalidades de convênio médico em que a rede credenciada pertence a um único grupo.
É um contra-ataque à expansão de Hapvida e NotreDame
Intermédica, que possuem seus próprios hospitais, clínicas e laboratórios. A
SulAmérica e Bradesco, por exemplo, já têm esse tipo de parceria com a Rede
D’Or, cujos hospitais ofertados nesses convênios médicos são todos do grupo. A
Dasa, dona de laboratórios de medicina diagnóstica e hospitais, também aposta
nesse modelo. Há ainda as startups como Qsaúde, Alice e Sami que possuem como premissa
ofertar poucos hospitais, mas de primeira linha.
O controle de custos médicos dos pacientes é feito por meio
de atenção primária. “Os pacientes que têm uma gestão da saúde desde o começo,
com atenção primária, têm um tempo de internação cerca de 30% inferior“. Eles
têm uma saúde mais controlada”, disse Paulo Bastian, atual presidente do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Bastian será substituído a partir de junho por José Marcelo
de Oliveira, que até então, era superintendente geral do Hospital AC Camargo
Cancer Center. “Essa é uma tendência global, de vanguarda. A tecnologia também
vai nos ajudar muito no trabalho de acompanhamento da saúde dos pacientes”,
complementou Oliveira. A mais recente empreitada do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz poderá ser tocada em parceria com uma empresa especializada em atenção
primária ou pelo próprio hospital. Essa decisão ainda não foi tomada.
Bastian lembra que o hospital já faz consultoria de gestão
de saúde para cerca de 20 mil pessoas, sendo que 8 mil são funcionários do próprio
hospital e os demais de outras empresas. Esse projeto e outros demandarão, em
2021, investimentos (capex) de R$ 75 milhões, patamar de anos anteriores à
pandemia. Em 2020, esse montante caiu para R$ 35 milhões.
Outra novidade é a retomada dos estudos de viabilidade para
abertura de uma nova unidade do Oswaldo Cruz no terreno que era ocupado pelo
antigo hospital Evaldo Foz, na zona sul da capital paulista. Esse imóvel passou
por vários imbróglios judiciais, na última década, uma vez que pertencia à
operadora Interclínicas, que quebrou e tinha o Alemão Oswaldo Cruz como um dos
principais credores.
A expectativa é que as obras sejam iniciadas em 2022, mas
ainda dependem de um último aval do conselho de administração. O plano é que o
novo hospital tenha cerca de 200 leitos e trabalhe com um modelo de remuneração
com valores fixos aos moldes da unidade Vergueiro do grupo, que vem registrando
forte crescimento. No ano passado, a receita dessa unidade cresceu 53% e
contribuiu para que o faturamento do grupo encerrasse 2020 com uma alta de 1,2%
atingindo R$ 852 milhões.
Por conta da pandemia e o consequente cancelamento de
cirurgias eletivas, o primeiro semestre do setor hospitalar foi de queda.
“Deixamos de realizar cerca de 2,5 mil cirurgias, equivalente a dois meses e
meio de procedimentos. Voltamos ao patamar pré pandemia, em setembro, outubro”,
disse Bastian.