Com fim de fiscalização da Susep, IRB fala em novo ciclo
"A gente reposicionou o IRB, deixamos a companhia mais robusta, sólida e com uma governança que evoluiu no período”, diz Wilson Toneto. Ontem, as ações ON da empresa terminaram em alta de 1,97%
Valor Econômico - 08 de Abril de 2021O fim da fiscalização especial da Superintendência de Seguros Privados (Susep) sobre o IRB Brasil Re representa o início de um novo ciclo para a companhia, afirmou o CEO interino do ressegurador, Wilson Toneto, em entrevista ao Valor Econômico. Desde maio do ano passado, o regulador mantinha o IRB sob escrutínio devido a insuficiência de provisões técnicas, ou seja, os recursos necessários como garantia de cobertura de obrigações.
Na terça-feira, o conselho diretor da Susep decidiu retirar
o IRB da fiscalização. Em 18 de fevereiro, o ressegurador havia informado que,
com base nas demonstrações financeiras do quarto trimestre, havia atingido o
enquadramento regulatório referente aos índices de liquidez e cobertura de
provisões. Ontem o IRB informou ao mercado o fim oficial da fiscalização.
Há pouco menos de um ano, a notícia havia adicionado mais incertezas
sobre a situação da companhia, que havia acabado de renovar toda a diretoria na
esteira do escândalo desencadeado pela gestora Squadra que questionou as
práticas contábeis do grupo. “O fim da fiscalização especial da Susep é um
marco para nós”, afirma Toneto.
O CEO interino lembra que todo o processo de enquadramento,
que durou 11 meses e exigiu um levantamento de R$ 4,8 bilhões em recursos novos
entre julho e dezembro de 2020, ocorreu ao mesmo tempo que a nova administração
conduzia investigação sobre as práticas da antiga gestão, refazia as
demonstrações de anos anteriores e realizava um processo de revisão de
contratos e renegociações, além de manter a própria continuidade operacional do
IRB. “Essa fiscalização especial é muito intensa. Isso tudo aconteceu num
ambiente de pandemia. Tivemos de começar um processo bastante duro, que se
conjugou com situações como a investigação e o refazimento das demonstrações.”
Para o CEO interino, “do ponto de vista de mercado indica a
todos que encerramos um ciclo, um ciclo duro, e a gente reposicionou o IRB,
deixamos a companhia mais robusta, sólida e com uma governança que evoluiu no
período”.
O fim da fiscalização coincide com a mudança na cúpula do
ressegurador. Antonio Cássio dos Santos, que acumulava os cargos de presidente
do conselho e CEO, deixou a função de executivo-chefe no fim de março para se
manter apenas na chefia do colegiado. Toneto, então vice-presidente de Riscos e
Conformidades, assumiu como CEO interino, a partir de 29 de março. Na ocasião,
o próprio IRB informou que havia iniciado um processo de seleção do futuro CEO,
conduzido pelo conselho.
Toneto afirma que nem ele ou os outros vice-presidentes do
ressegurador são candidatos ao cargo de CEO. “O simbolismo de vir um novo CEO é
importante. Há um consenso entre nós [da diretoria executiva] que a função
deveria ser assumida por uma pessoa que não esteve nesse processo [de
saneamento iniciado no ano passado]. Não sou candidato e nenhum dos vice-presidentes
são postulantes ao cargo. Vamos permanecer em nossas funções [após a chegada de
um novo CEO à companhia].”
Segundo o CEO interino, “estamos no processo de busca, que
está sendo conduzido pelo conselho”. Conforme Toneto, “a diretoria executiva
não participa - e nem poderia - desse processo”. Com a oficialização do fim da
fiscalização da Susep, ontem as ações ON do IRB terminaram em alta de 1,97%
cotadas a R$ 6,20.