Valor da Dasa se ajusta a preço da oferta
A rede de laboratórios e hospitais Dasa deverá voltar a ter
uma cotação de mercado, após a conclusão, na terça-feira, de sua oferta pública
de ações, em operação conhecida como “re-IPO”, por se tratar de empresa
listada, mas sem liquidez.
Desde 2015, quando a família Bueno, que criou a Amil,
assumiu o controle da empresa, apenas 2,25% dos papéis da Dasa estavam na
bolsa. Com um percentual tão pequeno, quase não havia negócios com as ações e,
portanto, a cotação não era considerada para avaliação do valor da empresa. Ao
concluir a oferta, a Dasa chegou a esse valor, que é de R$ 32 bilhões, após
definir com investidores a venda de 57 milhões de novas ações ao preço de R$ 58
cada uma. A média das cotações no ano passado da Dasa estava próxima a isso, na
casa dos R$ 60.
Mas desde que a companhia informou que faria a oferta para
aumentar seu percentual de ações em circulação na bolsa (free float) e aderir
ao Novo Mercado, as cotações passaram a subir, principalmente este ano.
Chegaram ao pico de R$ 169 em 2 de março. Essa oscilação foi causada por
negócios em volume muito pequeno, sem representatividade.
As novas ações chegarão à bolsa hoje. E, ontem, os papéis já
atraíram negócios, em meio a um ajuste ao preço definido na oferta. O papel
fechou com queda de 50%, a R$ 71,99 - ainda muito acima da oferta. E girou R$
52 milhões, volume expressivo para seu padrão. Por conta da oscilação e giro
atípicos, o papel foi constantemente levado a leilão pela B3.
A família Bueno está impedida de negociar as ações por um
período de seis meses (lock up). A oferta da Dasa alcançou R$ 3,3 bilhões, não
saiu com o lote suplementar e o adicional deverá ser exercido nos próximos 30
dias, elevando a operação para R$ 3,8 bilhões, apurou o Valor.
De acordo com fontes, a família Bueno colocou R$ 500 milhões
na operação, para não ser diluída, pois considerou que, com o papel a R$ 58,
fazia sentido entrar. Nesse valor, a demanda pela operação alcançou duas vezes
o total ofertado. A faixa inicialmente pretendida pela empresa para a operação
era entre R$ 64,90 e R$ 84,50.
Após a operação, a Dasa passará a ter entre 10% e 11% de
free float. O percentual mínimo exigido pelo Novo Mercado é de 25%, mas o
regulamento também aceita 15% pelo período de 18 meses, se a empresa estiver
aderindo ao segmento ao mesmo tempo em que faz uma oferta de ações. Esse
percentual menor pode ser considerado se a oferta for superior a R$ 3 bilhões,
caso da Dasa, e se as ações alcançarem volume médio diário de negociação igual
ou superior a R$ 25 milhões. No entanto, a Dasa informou que solicitou à B3
autorização para manter temporariamente o free float equivalente ou superior a
10%, com o compromisso de aumentar esse percentual em até 18 meses.
Em contrapartida, a Dasa se comprometeu a reduzir os quóruns
necessários para a eleição de membro do conselho de administração em separado e
para a solicitação de convocação de assembleia especial para deliberar sobre a
realização de nova avaliação na hipótese de cancelamento de registro de companhia
aberta.
A Dasa também irá divulgar anualmente relatório com
informações ambientais, sociais e de governança corporativa, tomando por base
padrões internacionais. A Dasa vai usar os recursos captados na oferta para
investir em seu crescimento orgânico e via aquisições, além de pagar a compra
do Grupo Leforte, anunciada em dezembro.