IPO da Caixa Seguridade pode levantar até R$ 5,7 bi
Empresa define faixa de preço das ações entre R$ 9,33 a R$ 12,67. Ideia é oferecer somente 15% do negócio
O Estado de S. Paulo - 07 de Abril de 2021IPO da Caixa Seguridade pode levantar até R$ 5,7 bi;
empresa define faixa de preço das ações
A Caixa Seguridade, holding de seguros da Caixa Econômica
Federal, definiu os preços indicativos para suas ações na abertura de capital
(IPO, na sigla em inglês) prevista para este mês. A faixa vai de R$ 9,33 a R$
12,67 por ação. Se a oferta sair no topo do preço, a empresa pode levantar até
R$ 5,7 bilhões.
O avanço do IPO da Caixa Seguridade ocorre a despeito do
ambiente da maior aversão às estatais no Brasil diante de episódios de
interferência do governo Bolsonaro em companhias como Petrobrás e Banco do
Brasil. Nesse sentido, a estratégia da companhia, que vem monitorando o humor
mercado de mercado, é vender uma fatia menor na oferta base.
A ideia da Caixa, dona da holding, é oferecer somente 15% do
negócio, e ainda um lote adicional. Antes, cogitava-se 30%. Mais adiante, com a
companhia já listada, o banco poderia fazer uma oferta secundária, o chamado
follow on, no jargão do mercado, conforme antecipou o Estadão/Broadcast.
Momento de insegurança
Várias empresas estão desistindo de abrir o capital neste
momento, por conta do avanço da covid-19 e também do aumento dos ruídos
políticos, que acabam atrapalhando a economia. Neste ano, 18 empresas já
anunciaram que vão adiar seu IPO.
Enquanto se preparava para abrir capital, a Caixa Seguridade
conseguiu entregar tudo o que prometeu aos investidores no passado, o que pode
ajudar a conter o cenário mais adverso para estatais no Brasil. Na última
quarta-feira, anunciou a conclusão da implementação de mais duas parcerias. Uma
com a já sócia francesa CNP Assurances, na área de consórcios, e outra com a
brasileira Icatu, em capitalização.
O movimento encerra um processo de reestruturação da
operação de seguros da Caixa que rendeu R$ 10 bilhões ao banco público a partir
da venda da exclusividade de seu balcão a companhias nacionais e estrangeiras.
Além de cinco joint ventures com seguradoras, estruturou uma corretora de
seguros 100% própria, que é parte importante na receita de seguros para bancos,
e também selou parceria com outras três corretoras para turbinar a distribuição
de apólices Brasil afora.
A leitura na Caixa é a de que retomar a conversa com os
investidores para o IPO, com toda a lição de casa feita pode render frutos,
ainda que pese um cenário mais adverso para estatais no Brasil. Isso porque a
operacionalização das parcerias prometidas mitiga os riscos de não-execução,
afirma uma fonte, que prefere não ser identificada. O próprio presidente da
Caixa, Pedro Guimarães, já disse não ver motivos para aversão de investidores a
estatais.
Além de vender uma fatia menor na bolsa -- a orientação da
Caixa é desovar o 'mínimo possível', afirma outra fonte, o banco
também quer lotar a operação com ordens do varejo, aproveitando o crescimento
no número de investidores na Bolsa diante do cenário de juros baixos. O
objetivo é distribuir, ao menos, 50% do seu IPO para investidores pessoas
físicas. Também deverá contar com uma ajuda dos funcionários da instituição,
que poderão comprar ações, fora o segmento private, aqueles dos mais ricos.
Valor de mercado
No passado, a oferta da Caixa Seguridade era estimada em R$
15 bilhões, e o objetivo do banco público era avaliá-la entre R$ 50 bilhões e
R$ 60 bilhões. Agora, esse deve ser o patamar a ser alcançado nos próximos
anos, após ser listada em Bolsa, equiparando-se, assim à BB Seguridade, que
vale R$ 49,5 bilhões na B3.
O IPO da Caixa Seguridade foi paralisado em meio à pandemia
e retomado este ano. Em sua nova tentativa de se listar na Bolsa, a companhia
protocolou o pedido junto à CVM no início de março. A operação está sendo
estruturada pela própria Caixa, ao lado de Morgan Stanley, Bank of America,
Itaú BBA, Credit Suisse e UBS BB. O Banco do Brasil também está na operação e
será responsável por incrementar a oferta junto ao varejo, ao lado da Caixa.