Hapvida e NotreDame buscam lançar planos mais acessíveis após a fusão
Em meio à pandemia de coronavírus, duas gigantes do setor de saúde brasileiro decidiram unir forças. Hapvida e NotreDame Intermédica confirmaram nesta segunda-feira, 1°, o acordo de fusão entre as companhias, fruto de negociações que se arrastaram por alguns meses. A empresa passará a atender 13,6 milhões de usuários de convênios médico e dental, com receita combinada de 18,2 bilhões de reais. A nova companhia terá infraestrutura própria em quase todos os estados do país e a alcunha de maior conglomerado de saúde do Brasil, com larga vantagem em relação a Bradesco Saúde, segunda colocada.
Com a fusão,
53,1% das ações do novo grupo ficarão com a Hapvida, enquanto os 46,9%
restantes pertencerão aos investidores da NotreDame. O acordo cria uma
companhia com valor de mercado de aproximadamente 110 bilhões de reais , a
décima primeira mais valiosa da B3, a bolsa brasileira.
Dentre os
planos dos executivos após a conclusão dos trabalhos, está a oferta de planos
mais acessíveis à população, uma vez que a parceria vai permitir uma redução de
custos e otimização da operação. “Há de se esperar que, em função das
sinergias, nós tenhamos maior possibilidade de privilegiar nossos clientes,
requerendo menos reajustes em comparação com os concorrentes”, afirmou Jorge
Pinheiro, CEO da Hapvida, em conferência para jornalistas e investidores.
“Vamos ofertar um serviço cada vez mais ‘alcançável'', oferecendo para os
brasileiros planos mais acessíveis e de qualidade, com medicina de alto
padrão”.
Do ponto de
vista da operação, tudo permanece como está, pelo menos por enquanto. O
objetivo é unir os dados e sistemas em até dois anos, para não prejudicar o
planejamento prévio das duas empresas. “Não faz sentido, nos primeiros dois
anos, a implementação de novos sistemas, mas há uma série de tecnologias
marginais que podem ser acopladas para gerar ganhos às empresas, e isso será
feito no futuro, quando ajustarmos esse potencial de sinergia da fusão”,
revelou Irlau Machado, CEO da NotreDame Intemédica. Os CEOs Pinheiro e Machado
vão dividir o comando da nova companhia.
Para finalizar
a transação, ainda restam alguns passos, como a aprovação do acordo nas
Assembleias Gerais Extraordinárias das empresas e os avais da Agência Nacional
de Saúde Complementar (ANS) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade). Embora exista a expectativa de que o Cade seja crítico à fusão , os
administradores estão otimistas com o processo. “Fizemos uma série de estudos
e, dada a diferença de atuação geográfica das empresas, estamos muito confiantes
na aprovação. Do ponto de vista de defesa ao consumidor, essa fusão é muito
positiva e visa complementar o serviço de planos de saúde”, ponderou Pinheiro.
A nova rede
contará com 84 hospitais, 280 clínicas e 257 unidades de diagnóstico por
imagem. A fusão acontece num momento delicado para o setor de saúde, que, por
um lado, está sobrecarregado pela pandemia, e, por outro, sofre com os
sucessivos reajustes das mensalidades que expõem um problema no modelo de
negócios . “A fusão não é predatória, mas sim para gerar qualidade e diluição
de custos com o objetivo de oferecer serviços mais atrativos para a sociedade”,
afirma Machado. Apesar dos planos de saúde serem um dos serviços mais desejados
pelos brasileiros, quase 80% da população está fora desse sistema. O principal
desafio do, agora, maior conglomerado de saúde do país é, sem dúvida alguma,
aumentar a penetração de planos privados no país e, ao mesmo tempo, ser capaz
de oferecer um produto abrangente a preços mais acessíveis.