Setor segurador nacional cresce 1,3% em 2020, diz CNseg
"Se comparar com outros setores da economia, o resultado foi bom. Demonstra uma continuidade de penetração maior de seguros", diz Marcio Coriolano
Agência Brasil - 24 de Fevereiro de 2021A Agência Brasil relata que o desempenho do mês de dezembro, que mostrou avanço de 15,4% na arrecadação sobre igual mês de 2019, proporcionou ao setor segurador brasileiro encerrar o ano de 2020 com alta de 1,3%, em comparação ao ano anterior, acumulando receita de R$ 273,7 bilhões e dando destaque aos seguros patrimoniais. O resultado exclui os ramos de saúde e o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Seguro DPVAT).
Em relação a novembro de 2020, o crescimento observado em
dezembro atingiu 34,8%. As informações foram divulgadas ontem (23), no Rio de
Janeiro, pelo presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg),
Marcio Coriolano. O segmento responde pela geração de mais de 170 mil empregos
diretos no país.
Se comparar com outros setores da economia, o resultado foi
bom. Demonstra uma continuidade de penetração maior de seguros, disse Coriolano
à Agência Brasil. Explicou que dezembro é, tradicionalmente, um mês mais
produtivo, de planejamento para o ano seguinte. As próprias seguradoras estão
fechando seus relatórios, seus balanço, e há uma natural hiperatividade nesse
mês, completou.
Marcio Coriolano informou que os planos de previdência
complementar do tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida
Gerador de Benefício Livre), tiveram expansão de 24,1%, em dezembro. Na análise
anual, porém, mostraram queda de arrecadação de 1,4%. O setor segurador
nacional em 2020 foi marcado por grande heterogeneidade.
Patrimônios
O presidente da CNseg informou que o ano de 2019 foi
caracterizado por um crescimento mais forte de seguros de pessoas, com destaque
para vida e PGBL e VGBL, por conta da reforma da Previdência e outros fatores,
como estabilidade de preços. Já em 2020, ocorreu o inverso. O ano começou bem,
com expansão de cerca de 12,5% para o setor, mas a pandemia do novo
coronavírus, a partir de fevereiro, contribuiu para uma mudança de padrão, em
termos da preferência da população. Enquanto no ano de 2019 (prevaleceu) o
seguro de vida, no ano de 2020 foram os seguros de patrimônios. Isso aconteceu
por dois efeitos, afirmou Coriolano: a covid-19 deixou as pessoas isoladas
dentro de casa e elas passaram a dar mais atenção para seu patrimônio. Faz
seguro quem não tem.
Esse movimento alavancou muito os seguros de propriedade
particular, de construção, de comércio em geral. Tudo que está relacionado a
danos patrimoniais teve resultado favorável. Exemplos são os ramos de seguros
marítimo e aeronáutico (alta de 44%); rural (29,5%); responsabilidade civil
(22,8%); crédito e garantias (17,8%); e patrimonial (10,2%). No sentido
contrário, apresentaram queda o seguro de garantia estendida (-6,3%); títulos
de capitalização (-4,1%); automóveis (-2,1%); e planos de acumulação, já citados
(-1,4%). O segmento mais dinâmico no ano passado, de acordo com o presidente da
CNseg, foi o de danos e responsabilidades, que evoluiu 6%.
Tudo que está relacionado a riscos patrimoniais teve
desempenho favorável. Apesar da covid-19, o setor de transporte de carga para
abastecer não parou, observou Coriolano. Por outro lado, a redução da atividade
comercial, com menos pessoas comprando eletrodomésticos e bens de produção, e a
grande volatilidade de ativos na economia e insegurança no lado político-institucional,
acabaram impactando em seguros que têm também função financeira, como
capitalização e seguros PGBL e VGBL, além do seguro de automóveis.
Provisões
As provisões técnicas, que garantem os riscos do sistema,
atingiram o recorde histórico de R$ 1,202 trilhão, aumento de 7,5% sobre o
exercício de 2019. Em sinistros, indenizações, benefícios, resgates e sorteios,
o setor totalizou R$ 151 bilhões, sem saúde e seguro DPVAT. A alta registrada
foi de 8,3% em relação ao ano anterior. O volume de provisões cresceu mais do
que o volume de negócios, por uma razão substancial. Porque acompanha o valor
da importância do segurado e, também, a própria regulação do governo. Coriolano
lembrou que o governo ajudou vários setores da economia durante a pandemia, mas
não o setor segurador, para dar qualquer alívio econômico-financeiro. Por isso,
o provisionamento se manteve conservador, o que é positivo, porque fica isento
de quaisquer oscilações que possam ocorrer.
Como houve um crescimento maior dos seguros patrimoniais em
2020, de maior valor, eles carregam um provisionamento maior junto. Esses
ativos retornam ao país sob a forma de lastro para financiamentos e pagamento
da dívida pública. O presidente da CNseg avaliou que fatores como a recuperação
industrial, o arrefecimento da pandemia, estabilização da renda e da inflação e
aumento da capacidade de compra do consumidor brasileiro podem levar a uma
recuperação dos planos de previdência, ou aposentadoria complementar, que já
começaram a demonstrar fôlego nos últimos meses.
Com a vacinação contra a covid-19, ele não tem dúvida que
as coisas podem melhorar. Já está acontecendo no resto do mundo, disse.
Expectativa
Como os dados de janeiro de 2021 ainda não foram fechados,
Marcio Coriolano afirmou que não dá para arriscar um cenário para este ano. Mas
argumentou que uma maior estabilidade econômica e a vacinação em massa da
população podem ajudar a levar o setor para um resultado positivo.