Artigo: Por que o futuro do trabalho pode ser híbrido?
Por John Richard
Com a aproximação de um calendário consistente de vacinação
em massa, as empresas já começaram a olhar para o futuro pós-pandemia. E muitas
das que zeram este movimento chegaram a uma conclusão que está em linha com
descobertas feitas por pesquisas importantes sobre o tema: a visão do cenário
de médio e longo prazo para os modelos de trabalho é de integração entre o home
office e o trabalho no escritório. Afinal, de todas as mudanças que aconteceram
em 2020, é consenso que uma veio para ficar: o home office como parte
importante da carga horária de trabalho.
Uma pesquisa realizada pela Salesforce – empresa
especializada em ferramentas de CRM – com mais de 20 mil pessoas na Alemanha,
Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, Índia, Japão, Nova Zelândia,
Reino Unido e Singapura, mostrou que 52% dos entrevistados trocariam de emprego
se isso significasse que poderiam trabalhar remotamente. E um dado muito
importante para se levar em consideração: 57% dos profissionais que estavam
atuando de maneira presencial comentaram que conseguiriam trabalhar remotamente
se sua empresa oferecesse condições que os apoiassem em sua viabilização.
Hoje, as empresas estão gerenciando os modelos de trabalho
de formas variadas. Algumas deram permissão para funcionários continuarem
trabalhando remotamente em 2021, outras trouxeram os funcionários de volta para
o local de trabalho em horários diferentes e em grupos escalonados, e outras
ainda deixaram à cargo de cada time (ou até mesmo de cada indivíduo) decidir
onde trabalhariam. Mas todas essas medidas vinham sendo encaradas como
temporárias, com um grau de flutuação muito alto. Por isso, como política
estruturada de longo prazo e para combinar as vantagens do trabalho remoto e do
trabalho no escritório, as empresas têm convergido seu planejamento para
diferentes modelos permanentes de trabalho híbrido.
O trabalho híbrido na prática
Embora “híbrido” seja a chave para entender o futuro mais flexível
do trabalho, a palavra engloba muitos modelos possíveis. O elemento comum a
todos é que o trabalho híbrido dá mais liberdade para o colaborador sobre
quando e onde ele vai trabalhar, garantindo a autonomia que ele precisa para
ajustar o trabalho à sua vida, em vez de estruturar os dias da semana de acordo
com o relógio de ponto. Com isso, não só os colaboradores, mas as empresas,
colhem o melhor dos dois mundos: estrutura e sociabilidade de um lado e
independência e flexibilidade do outro.
Mas como isso pode se dar na prática? A maior parte das
empresas híbridas adotou um formato – acelerado desde o início da pandemia –
que equilibra esses dois mundos em nome da produtividade e da unidade da
cultura organizacional: a designação de determinados dias para reuniões e
colaboração no escritório, com outros dias em trabalho remoto, dedicados para
tarefas que precisam de foco individual.
Isso porque a presença física pode ser necessária para
orientações e instruções top down, formação e aprimoramento de profissionais e
equipes e lançamento de projetos (como vimos em nosso artigo sobre tendências
para 2021), mas não é fundamental para outros trabalhos. Em muitos casos, uma
tarefa que pode levar várias horas no escritório pode ser concluída em muito
menos tempo em casa.
Há, também, os casos de empresas que simplesmente não podem
abrir mão dos seus escritórios por razões práticas: ou porque ainda há
materiais estratégicos que precisam ser preservados na sede, ou porque não
podem se desfazer de equipamentos importantes, por exemplo. Os motivos são
diversos, e todos compreensíveis.
De todo jeito, não importa o cenário, são necessárias
readequações nos escritórios para que se tornem ambientes híbridos funcionais.
A própria geografia e o espaço dedicado para cada colaborador deve ser revista,
com consequências no mobiliário disponível. Anal, mesas modulares e painéis
protetores ainda farão parte do nosso dia a dia algum tempo depois que a
pandemia for controlada.
Os móveis também serão uma questão importante para aquelas
empresas que considerarem mudar dos prédios corporativos para parques industriais
ou campi abertos e descentralizados que facilitem o distanciamento social. Faz
muito sentido que as organizações reavaliem suas estruturas físicas, desde que
não eliminem o espaço para reuniões, porque uma coisa é certa: as sedes
passarão a ter um papel muito mais gregário, resgatando sua origem nobre de
troca de inteligência (profissional, social e emocional), algo que havia sido
esquecido com o passar dos anos e a obviedade das nossas antigas rotinas.
O futuro híbrido
Em última análise, há muitos motivos para todos ficarmos
otimistas em relação ao futuro. Mesmo antes da Covid-19, era notório que as
organizações precisavam repensar práticas convencionais, mas ineficientes, como
enfrentar duas horas de trânsito para participar de uma reunião de uma hora. Os
benefícios do home office, neste sentido, são imbatíveis e por isso ganharam
esse caráter evidente de permanência nos últimos meses e para 2021.
Tudo o que as empresas precisam fazer é planejar a adaptação
dos seus ambientes corporativos para o novo momento do trabalho. E isso passa
por uma reavaliação do mobiliário que realmente é necessário e a sua
adequação). Em relação ao home office, oferecê-lo como um benefício não vai
ajudar apenas o colaborador, como a própria empresa. Ela preservará a saúde dos
times e o ganho em qualidade de vida que eles terão não só por isso, mas pela
liberdade para gerir suas responsabilidades, vai aumentar a produtividade
geral, algo já foi registrado em inúmeras pesquisas mundo afora.