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Corretor da SulAmérica passa a ganhar comissão por indicar cliente para Órama

O passo seguinte é qualificar os profissionais para que se tornem assessores de investimentos.

Valor Econômico - 24 de Novembro de 2020

A aquisição de uma fatia de 25% da Órama pela SulAmérica, concluída em fevereiro, começa a mostrar a que veio, conta o Valor Econômico. A partir de hoje, corretores plugados à seguradora passam a ser comissionados pela indicação de clientes para a plataforma de investimentos. A ideia é que essa relação possa evoluir, com o treinamento dos profissionais para que se credenciem como agentes autônomos.

Hoje a SulAmérica tem uma base de 37 mil corretores, sendo que 10 mil deles já têm uma atuação híbrida, com a oferta de produtos de vida e previdência ou de fundos da SulAmérica Investimentos, diz Marcello Melo, vice-presidente da companhia. “Esse é um projeto para valorização do corretor, transformando-o num planejador financeiro e consolidar sua posição de levar saúde integral ao cliente: física, emocional e financeira”, diz.

Criado há quatro anos, o executivo diz que faltava ao programa uma solução robusta que permitisse escalar a oferta. “Esse foi um dos racionais estratégicos pelos quais a empresa fez o investimento na Órama”, diz Melo. O sistema de indicação foi integrado ao portal do corretor, a fim de não causar nenhuma fricção, diz o executivo. É o mesmo ambiente que os profissionais usarão para construir a sua jornada de treinamento, com conteúdo educacional desenvolvido pela Órama.

O passo seguinte é qualificar os profissionais para que se tornem elegíveis a assumir um segundo chapéu, como assessores de investimentos. A atividade de planejador financeiro não é regulada, mas para ser agente autônomo de investimentos é preciso passar na prova da Ancord e ter a certificação exigida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Essa é uma fonte de receita bem vinda para os corretores, que passariam a receber rebates mensais dos fundos em que seus clientes investem e comissões pela venda de títulos bancário, de crédito e demais ativos. De quebra, se bem-sucedido, o plano contribui para aumentar a capilaridade da Órama.

A plataforma tem hoje cerca de 350 acordos entre consultores, gestores de recursos e DTVM, que usam a estrutura operacional sob o modelo “white label”, em que é a marca do parceiro que aparece ao cliente. “Se o corretor já tem relacionamento, na medida em que recebe a certificação, quando estiver sentado com o cliente, ele poderá ofertar de tudo, de seguro a investimento”, diz Habib Nascif, CEO da Órama.

O caminho inverso também começa a ser feito, acrescenta Melo, com agentes autônomos igualmente se capacitando para vender apólices de seguros. Na plataforma da Órama já há planos de previdência da SulAmérica, mas nunca vai ser uma relação de exclusividade, esclarece Melo.

A ideia é também preservar a arquitetura aberta da plataforma, com ampla oferta de produtos de terceiros. “Podemos estar lá se formos competitivos e se fizer sentido para a Órama. A meta é basicamente participar do mercado de plataformas de investimento porque a gente acha que é ainda muito subpenetrado e tem muito espaço de crescimento.”

Um dos fatores que podem ajudar a desenvolver o mercado de distribuição, diz Nascif, é o possível fim da exclusividade para oferta de valores mobiliários pelos agentes autônomos. Hoje, os profissionais podem se plugar a apenas uma plataforma na venda de ações e debêntures, mas podem ter outros contratos para fundos e títulos bancários. A CVM divulgou ontem estudo sobre essa possibilidade e a conclusão é que a abertura seria benéfica ao mercado.